Manoel Calafate, Pacífico Licutã e Luis Sanim foram os
líderes de um movimento revolucionário promovido pelos negros malês em
Salvador, no ano de 1835.
A insurreição recebeu o nome de REVOLTA DOS MALÊS.
O vocábulo “male” é originário da palavra da língua ioruaba
“imale” e designa negros muçulmanos que resistiram à imposição do catolicismo,
permanecendo com sua crença original..
Vieram como escravos mas eram negros instruídos, às vezes
mais instruídos do que os próprios senhores.
Desde que aqui chegaram se distinguiram dos outros africanos
e organizaram numerosos levantes .
Em Salvador, conseguiram armas e munição.
Elaboraram um plano e promoveram uma revolução cujo objetivo era conseguir
liberdade religiosa.
A luta se travou em 1835, no centro da cidade. Os revoltosos
atacaram uma patrulha do exército. As autoridades agiram com rapidez. Na noite
de 24 de janeiro os malês foram cercados na casa de Manuel Calafate, morreram
muitos rebeldes e outros foram presos.
Diz o historiador João José Reis que “durante o levante
ocuparam as ruas de Salvador usando roupas islâmicas e amuletos contendo
passagens do Alcorão, sob cuja proteção acreditavam estar de corpo fechado
contra as balas e as espadas dos soldados”.
Ao tentarem se evadir, um grupo de mais de quinhentos malês
foi barrado na altura de Água dos Meninos, onde se travou o combate decisivo.
Morreram sete policiais e setenta malês. Os malês lutaram capoeira durante o
combate.
Aproximadamente duzentos escravos foram detidos no Forte do
Mar, julgados e condenados. As condenações foram pena de morte para os
principais líderes, trabalhos forçados e açoites.
O receio era que os malês conseguissem a vitória, tal como
aconteceu na mesma época no Haití.
A partir de então os senhores de escravos passaram a ser
mais rigorosos. Os africanos foram proibidos de circular à noite
pelas ruas de Salvador, e praticar a religião de origem.
Os malês, apesar de ciosos de seus preceitos,
tinham especial deferência por Santo Antônio e o chamavam de “El Banda”.
Alguns movimentos subversivos promovidos por escravos foram
registrados na Bahia, antes de 1835: Em 1809 a sociedade secreta negra Ogboni
atacou algumas fazendas e libertou escravos. Em 1816, vários engenhos em Santo
Amaro da Purificação foram incendiados. Em 1826 o quilombo Urubu invadiu, e
quase ocupou a capital baiana.
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