SOSÍGENES COSTA
O poeta Sosígenes Costa nasceu em Belmonte, no dia 11 de
novembro de 1901.
Realizou os primeiros estudos em sua terra natal, onde se
tornou mestre-escola.
Viveu em Belmonte até os 25 anos, quando se transferiu para
Ilhéus, alí permanecendo durante a maior parte de sua existência. Foi
escriturário da Associação Comercial, telegrafista dos Correios e Telégrafos e redator
do “Diário da Tarde”. Neste periódico manteve uma coluna diária intitulada “Diário
de Sósmacos”, assinada com o pseudônimo de Príncipe Azul.
Em 1954, aposentou-se dos Correios e Telégrafos e passou a
residir no Rio de Janeiro. Participou, em Buenos Aires, de um Congresso de
Cultura e no ano seguinte viajou para a Europa e a Ásia, demorando-se mais
tempo na China.
“Ler Sosígenes Costa, diz Renato Suttana, é beber numa das
mais belas fontes de conhecimento e sentimento, cujo talento está em sua
capacidade excepcional de nos envolver totalmente no mundo que cria. Seus
versos são estranhos e, antes de tudo, impressionantemente belos”.
A poesia de Sosígenes surgiu timidamente em 1922, durante a efervecência
do modernismo, época em que ligou-se a Pinheiro Viegas (1954-1937) e participou
da "Academia dos Rebeldes".
Poeta estranho, arredio à publicidade, tímido e modesto,
nunca quiz reunir sua produção em livros. Em 1959, precionado por amigos, venceu
a timidez e publicou uma coletânea de noventa e nove poesias sob o título “Obra
Poética”, em uma edição de mil exemplares, hoje esgotada. Em 1979, pela Editora Cultrix, saiu uma obra póstuma,
intitulada “Iararana”. Em 2001, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia
publicou “Sosígenes Costa, Poesia Completa”.
A respeito de Sosigenes Costa, disse Agripino Grieco
(1888-1973): "Um dos melhores poetas do norte do país é Sosígenes Costa.
Solteirão, esquisito. O vocábulo "cegonhento" apesar de um pouco preciso, como
que foi fabricado para ele. Está no mundo com um ar de pernalta pensante.
Funcionário dos Telégrafos e escriturário de uma associação comercial,
desforra-se dos seus magríssimos ordenados em esbanjamentos poéticos de
pedrarias e sedas, como raros dos seus confrades se permitem. Na imaginação
desse asceta há sempre um pecaminoso rumor de saias proibidas. Qualquer mulher
se lhe afigura "princesa, atriz e gata". Vinga-se do seu isolamento e da sua
imobilidade em visões como as não tiveram Sardanapalo e Sindbad o Marítimo.
Recorda sempre os belos dias que passou em Belmonte e fala dessa cidadezinha do
interior da Bahia como se falasse do Oriente, acendendo todas as gambiarras,
fazendo faiscar todas as ourivesarias, compondo todas as decorações florais. É
um admirável ornamentista de frades. Modernista, ainda crê na rima rica e um
excesso de luz que lhe torna certas passagens obscuras, numa espécie de névoa
de ouro. Esse filho da roça pensa na Vênus de Paris e alude constantemente a
pavões e castelos. Sente-se perdido numa Taiti que fosse cheia de duquesas
enjoalhadas pelo francês Lalique. Muito justo o que escreveu dele, em famoso
artigo, Édison Carneiro, especialmente ao acentuar que Sosígenes transfigura
tudo isso, em matéria nossa, sente tudo isso brasileirissimamente. Ainda meio
simbolista, diz-se ele "pagem da Musa e príncipe da Morte", mas é um panteísta
bem vivo ao inebriar-se na gama de amarelos do sol dos trópicos. Sua amada tem "trinta anéis de pérolas ovais", mas o seu noturno de Ilhéus a ‘descrição’, é
algo de bem contemporâneo"
Sosigenes Costa faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de novembro
de 1968
.
A Biblioteca Pública Municipal de Belmonte tem o seu nome.
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