MÃE SENHORA
Maria Bibiana do Espírito Santo, mais conhecida como Mãe
Senhora, Oxum Maiwá, terceira Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonhjá, nasceu em
Salvador no dia 31 de março de 1890 e faleceu na mesma cidade em 22 de fevereiro de 1967.
As Iyalorixás do Ilê Axé Opô Afonjá são, por cronológica: Mãe Aninha (1910 a
1938), Mãe Bada (1939 a 1941), Mãe Senhora (1942 a 1967), Mãe Ondina ou Mãezinha
(1969 a 1975) e Mãe Stella (desde 1977).
Filha de Félix do Espírito Santo e Claudiana do Espírito
Santo, Mãe Senhora descende da família Asipá, uma família nobre originária de
Oió (Nigéria) e Ketu (Benim). Sua avó, Marcelina da Silva, Oba Tossi, foi uma
das fundadoras da primeira casa de
candomblé no Brasil (isto é, do Ilé Axé Airáintile, ou “Candomblé da
Barroquinha”, depois “Casa Branca do Engenho Velho”, em Salvador).
Foi iniciada em 4 de novembro de 1907, com 17 anos de idade,
pela Ialorixá Mãe Aninha, em sua casa na Ladeira da Praça, no Pelourinho, que
lhe entregou a cuia com faca, tesoura e navalha. A navalha pertenceu a sua avó,
fundadora do primeiro Candomblé no Brasil.
Em 2 de dezembro de 1917, casou-se com Arsênio dos Santos
com o qual teve um filho único, Deoscórides Maximiliano dos Santos, conhecido
como Mestre Didi.
Mãe Senhora manteve uma barraca na rampa do antigo Mercado
Modelo, conhecida como “A Vencedora”. Alí chegava bem cedo, entre 8 e 9 horas
da manhã, para vender frutas (manga doce, manga rosa, manga espada, araçá,
tamarindo, mangaba), bolachinhas de goma, manuês, cocada pucha, cocada
preta, cocada branca e doces
diversos. Às 2 ou 3 horas da tarde Mãe Senhora deixava a barraca e voltava para casa levando as compras
do dia (rabanada, fígado, peixe fresco e outros mantimentos). Fora do terreiro não usava roupas de
obrigação. Sem os aparatos do preceito, comparecia na sua barraca e nas ruas de Salvador. Camafeu de Oxossi
apresentou Jorge Amado a Mãe Senhora e a partir de então Jorge Amado começou a
frequentar a barraca. Logo se tornaram grandes
amigos.
A respeito desta Iyalorixá que marcou época na história do
culto afro-brasileiro, disse Mãe Stella, apud Agenor Miranda: “Quando a
conheci, Senhora já era uma mocinha, era
uma verdadeira rainha. Sabia ser dócil e meiga mas, também, sabia impor
respeito, quando necessário fosse. Todos respeitavam muito Senhora. Eu era
muito amigo dela e ela minha amiga, mas eu sempre a respeitei porque os
antigos sempre tinham em mente a hierarquia e ela era mais velha do que eu. Era minha irmã, porque fomos feitas por Aninha, mas quando eu a conheci, ela já tinha um cargo dado por minha mãe Aninha, dentro do Axé.”
Jorge Amado relatou cheio de emoção a morte
de Mãe Senhora:
“O enterro da iyalorixá saiu da Igreja de Nossa Senhora dos
Negros, no Largo do Pelourinho, praça ilustre e sofrida, chão de pedras regadas
pelo sangue dos escravos ali sujeitos ao tronco e ao pelourinho. O corpo da
mãe-de-santo ficou exposto na tarde de um domingo de sol e de tristeza. A
notícia ia sendo propagada de boca em boca, pois a morte sucedera após os
jornais. O impacto retirava gente das praias, das diversões, do descanso
dominical. De todas as encruzilhadas surgiam pessoas atônitas e apressadas; no átrio da igreja toda azul se misturavam
homens e mulheres das mais diversas condições sociais no mesmo espanto
doloroso.”
Essa foto também é de mãe Stella de Oxossi.
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