Sílvio Deolindo Fróes
-- engenheiro, matemático, filólogo, poeta, compositor, maestro, arranjador,
instrumentalista, professor e autor de artigos para revistas e jornais --
nasceu em Salvador, em 28 de outubro de 1864, sendo seu pai Salustiano Ferreira Fróes (doutor em Direito, pela Universidade de Paris).
Sua mãe, Adelaide Emília, cantora lírica e professora de
música, canto e de línguas, era alemã, formada pelo Conservatório de Música de
Paris, filha do barão Von Enghenswatz.
Sílvio revelou seu gosto pela música aos 4 anos de idade, quando
decidiu estudar piano tendo como mestra sua própria mãe que também lhe ensinou
francês, italiano e alemão. Aos 10 anos, escreveu sua primeira peça, denominada “Harmonia”, título que sua
progenitora substituiu por “Música dos Anjos”. Quando tinha 16 anos, Carlos
Gomes visitou Salvador, ouviu Sílvio
tocar piano e fazer improvisos com três motivos de “O Guarany”. Admirado,
exclamou: “Este minino é um prodígio!”
Aos 18 anos, prestou concurso para a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde se formou em
Engenharia. Sem abandonar sua vocação musical. se aperfeiçoou com o maestro Miguel Cardoso.
Retornando para a Bahia, onde permaneceu por pouco tempo,
resolveu fixar residência em Paris, onde aprimorou seus conhecimentos em harmonia,
contraponto, composição e órgão.
Depois, visitou vários países europeus, detendo-se na
Alemanha, onde estudou em Leipzig e Karlsruhe. Regressando à França,
desenvolveu intensa atividade musical como compositor, organista e regente de
suas próprias criações. Participou de vários concertos nas salas
mais afamadas da capital francesa, merecendo o reconhecimento dos críticos mais
exigentes.
Após dez anos no exterior, voltou para a Bahia e realizou
uma série de apresentações em várias cidades brasileiras. A maior parte de suas
exibições foi, todavia, em Paris, onde se apresentou na Sala Herz (1902), na
Sala Pleyel (1903) e na Maison Musicale (1903).
Aos 84 anos, realizando uma visita ao Engenho Santa Cruz, no
Recôncavo baiano, conheceu Anna América, sua prima em terceiro grau, pianista,
que falava fluentemente francês, de rara beleza. Foi um amor à primeira vista.
Apaixonou-se e com ela se casou em 3 de dezembro de 1948.
Sílvio Deolindo Fróes é o introdutor do ensino regular da
música na Bahia. Criou, organizou e dirigiu o Conservatório de Música da Bahia,
durante 40 anos e nele ensinou contraponto, fugas, harmonia, análise harmônica,
piano e harmônio. Deixou vasta produção musical e contribuiu para a formação
artísitica de vários alunos da Bahia e de outros estados.
Faleceu em Salvador, no dia 3 de dezembro de 1948. Durante
as exéquias foi executada, a seu pedido, a “Marcha Fúnebre”, de sua autoria.
Depois de sua morte, o Conservatório de Música da Bahia foi anexado à Universidade Católica do
Salvador, que mantem uma sala, denominada “Sala Sílvio Deolindo Fróes, para concertos musicais e recitais de canto,
com capacidade para 500 pessoas.
Há, nos jardins do Palácio da Aclamação, em Salvador, um
busto deste notável baiano.
Em 1976, Hebe Machado Brasil publicou um livro de sua
autoria, intitulado “Fróes, Um Notável Músico Baiano”. No prefácio, disse Pedro Calmon: "Deolindo
Fróes não pertence apenas à província, embora nas manifestações artísticas a
província fosse metrópole; vem da Europa, projeta-se no país, reorganiza o
Conservatório, institucionaliza o bom gosto, educa as vocações e as plateias,
comete a doce proeza de fazer, e deixar discípulos; e nessa parábola de beleza,
associa a humildade ao triunfo. Conhecíamos o exímio professor, comparável aos
maiores músicos que teve o Brasil. Faltava-nos conhecer o homem nos refolhos da
modéstia e da benemerência, tão notável, que se equiparava aos gigantes da
harmonia, tão simples, que se confundia com os pobres da terra." Hebe Machado, descrevendo a personalidade de Sílvio Deolindo Fróes, escreveu: "Temperamento
por demais introspectivo, quem o visse por estas ruas de Salvador, jamais
poderia imaginar que naquele vulto humano, sisudo, de voz de barítono, pudesse
abrigar-se um talento gigantesco, perspicaz, um verdadeiro sábio, um profeta
que passaria a ser respeitado, logo após seu regresso triunfal da Europa, nos
últimos anos do século XIX e lhe fosse oferecido um voto de confiança
ilimitado, de seus conterrâneos, para empunhar a batuta definitivamente e
liderar a educação musical baiana - liderança esta que perdurou durante mais de
quarenta anos e ainda hoje ecooa em nossas almas.".
Em 2001, o Governo do Estado e a Universidade Federal da
Bahia olançaram um CD contendo grande parte do acervi de Sílvio Deolindo Fróes.
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