SOROR JOANA ANGÉLICA
Joana Angélica de Jesus, religiosa concepcionista, mártir da
Independência, nasceu em Salvador no dia 12 de dezembro de 1761,
sendo seus pais José Tavares de Almeida e Catarina Maria da Silva.
Tendo concluído os estudos iniciais, satisfez sua aspiração
religiosa, ingressando, em 21 de abril de 1782, para o noviciado no Convento de
Nossa Senhora da Conceição da Lapa, na capital baiana. Alí fez uma brilhante
carreira claustral: em 1797, foi escrivã da irmandade; de 1812 a 1814, foi mestra
de noviças, conselheira e vigária; em 1815, foi abadessa e em 1819, prelada.
“A sua vida, toda ela dedicada a Deus e à glória maior do
seu mosteiro, disse Antônio Loureiro de Souza, foi um exemplo edificante para
as suas companheiras”.
A Irmã Joana Angélica de Jesus ocupava a direção do Convento,
em fevereiro de 1822, quando eclodiu na cidade imensa agitação contra as tropas
portuguesas comandadas pelo brigadeiro Inácio Luis Madeira de Melo, chegadas a
Salvador em 9 de janeiro.
O movimento de resistência à ocupação portuguesa havia
começado no ano anterior. A posse de Madeira de Melo foi obstada, no dia 18 de
fevereiro, mas a superioridade numérica de seus comandados impingiu a derrota
momentânia dos brasileiros.
A luta começou com um ataque ao forte de São Pedro e aos
quarteis da Palma e da Mouraria, onde se encontravam os oficiais e soldados
brasileiros. Na investida ao quartel da Mouraria, os portugueses, alegando perseguirem “revoltosos”,
invadiram várias residências e assaltaram ruas inteiras. Não satisfeitos, tentaram
invadir o Convento da Lapa, sob a alegação de que no convento se encontravam sediciosos
e armas escondidas.
A clausura era defendida por um portão de ferro. Forçaram-no,
aos gritos e ameças. A abadessa, temendo o pior, ordenou que as monjas fugissem pelas portas do
fundo. Quando a soldadesca pôs abaixo o portão, Joana Angélica surgiu na
segunda porta e abriu os braços. Postou-se diante dos soldados e marinheiros, obstaculando
a invasão. Assim posicionada, fincou os pés no chão e exclamou:
--“Para trás, bandidos. Respeitem a Casa de Deus. Recuai, só
penetrareis nesta Casa passando por sobre o meu cadáver !”
A soldadesca avançou e, com uma violência incontida,
assassinou a abadessa. A golpes de baioneta penetraram no convento, onde
encontraram apenas o velho capelão, Padre Daniel da Silva Lisboa a quem
espancaram a golpes de coronhadas, matando-o.
A abadessa faleceu no dia 20 de fevereiro de 1822. Foi uma
mártir da Independência do Brasil. Em sua homenagem, a avenida ao lado do
Convento da Lapa foi batizada com o seu nome.
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