sexta-feira, 7 de março de 2014

170= ÉDISON CARNEIRO


ÉDISON CARNEIRO

Édison de Souza Carneiro, mais conhecido com Édison Carneiro, jornalista, poeta, jurista e folclorista especializado em temas afro-brasileiros, nasceu em Salvador no dia 2 de dezembro de 1912. Seu pai, Antônio Joaquim de Souza Carneiro, era catedrático da Escola Politecnica da Bahia.

Para Waldir Freitas Oliveira, Edison Carneiro nasceu em 12 de agosto de 1912.

Cursou as primeiras letras em sua terra natal, onde fez os cursos primário e secundário e se formou em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia, no ano de 1935.

Muito jovem, com apenas 16 anos, fez parte da Academia dos Rebeldes. Na mesma época, iniciou sua carreira de jornalista, publicando no jornal “A Noite”, de Salvador,  uma coletânea de poemas, intitulada “Musa Capenga”.

A partir do início dos anos trinta, voltou-se para o estudo dos cultos afro-brasileiros, do folclore e da cultura popular. Aprendeu a língua yorubá e se tornou uma das maiores autoridades sobre a aculturação dos negros africanos.

Em 1936, escreveu uma série de artigos no “Estado da Bahia”, sobre  os ritos e festas dos candomblés da Bahia, ocasião em que fez a defesa do seu culto. Obteve ampla repercussão. Pouco a pouco estendeu sua atividade a outros periódicos da capital baiana: “Bahia Jornal”, “A Luva”, “O Momento”, “Revista Flama”, “Boletim de Ariel”, “Seiva” e “Diretrizes”.

Em 1937, organizou o 2º Congresso Afro-Brasileiro, e  defendeu a criação da União das Seitas Afro-Brasieiras da Bahia.

Aos 27 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde colaborou no “O Jornal” , foi tradutor-redator da agência de notícias “The Associated Press”, redator do “Britsh News Service” e dos jornais  “Última Hora” e “Jornal do Brasil”. Exerceu essas atividades mas não se afastou de  sua preocupação principal: o estudo do folclore e das tadições afro-brasileiras.

Com o objetivo de estudar a aculturação do negro africano, fez uma viagem à Africa, onde entrou em contato com a civilização yorubá.
Chefiou a Seccão de Divulgação do Departamento Econômico da Confederação Nacional da Industria e a Seccão de Estudos e Planejamento do Serviço Social da Indústria.  Foi o responsável pelo Boletim Mensal da Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Ministério da Educação e Cultura (MEC), estruturou a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, fez parte do seu Conselho Técnico e foi, seu diretor executivo.

Em 1959, iniciou sua vida de professor, ensinando Bibliografia de Folclore no Curso de Bibliotecnomia  da Biblioteca Nacional. Ministrou, depois, vários cursos como professor-visitante das Faculdades de Filosofia de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. Candidatou-se à cátedra de Antropologia e Etnografia da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concurso que, por razões de ordem política, não foi realizado. Por este motivo, publicou dois trabalhos: Ladinos e Crioulos (1964) e Dinâmica do Folclore (1965).

Em 1966, foi nomeado chefe da representação do  Brasil no Primeiro Festival Mundial de Arte Negra, realizado em Dakar, no Senegal. De Dakar foi, a convite da UNESCO, para Dahomey (Benin),  onde fez parte do Colóquio Áfeica-América Latina. Depois, visitou o Togo e a Nigéria, publicando em francês e em inglês um artigo sobre as religiões afro-brasileiras, publicado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, sob o título “Contribuição da África à Civilização Brasileira”.

Sua bibliografia, dentre outros títulos, compreende as seguintes obras:

Negros Bantos, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1937
O Quilombo dos Palmares, Editora Brasiliense, São Paulo 1947, 1958;
Castro Alves, 1947, 1958;
Candomblés da Bahia, Editora Museu do Estado da Bahia, Salvador, 1948, 1954, 1961;
Antologia do Negro Brasileiro, Editora Globo, Porto Alelegre, 1950;
A Cidade do Salvador, 1954;
A Conquista da Amazônia, 1956;
A Sabedoria Popular, 1957;
Insurreição Praiana, 1960;
Religiões Negras, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1963. Ministério da Educação e Cultura" Rio de Janeiro, (1961

Édison Carneiro faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1972.

Sobre a sua pessoa há o seguinte verso, de autoria de Rodolfo Coelho Cavalcante:

Doutor Edison Carneiro
Folclorista nacional,
Filho da terra baiana
Que hoje é nome imortal.
No folclore brasileiro
Doutor Édison Carneiro
Bem merece um pedestal.


Por ocasião do centenário de  Edison Carneiro, disse Waldir Freitas Oliveira:

Édison Carneiro foi, sem dúvida, um ilustre, tanto na História da Bahia como na do Brasil. Poucos, tanto quanto ele, dignificaram as páginas que contam o que somos – baianos e brasileiros, com tanto acerto e precisão de análise. Não foi um empolgado, um espalhafatoso baiano. Soube ver com olhos atentos, a nossa realidade; e nunca se valeu da condição de haver nascido na Bahia, para engrandecer-se ante os olhos dos seus contemporâneos.



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