ÉDISON CARNEIRO
Édison de Souza Carneiro, mais conhecido com Édison
Carneiro, jornalista, poeta, jurista e folclorista especializado em temas
afro-brasileiros, nasceu em Salvador no dia 2 de dezembro de 1912. Seu pai,
Antônio Joaquim de Souza Carneiro, era catedrático da Escola Politecnica da
Bahia.
Para Waldir Freitas Oliveira, Edison Carneiro nasceu em 12
de agosto de 1912.
Cursou as primeiras letras em sua terra natal, onde fez os
cursos primário e secundário e se formou em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Faculdade de Direito da Bahia, no ano de 1935.
Muito jovem, com apenas 16 anos, fez parte da Academia dos
Rebeldes. Na mesma época, iniciou sua carreira de jornalista, publicando no
jornal “A Noite”, de Salvador, uma
coletânea de poemas, intitulada “Musa Capenga”.
A partir do início dos anos trinta, voltou-se para o estudo
dos cultos afro-brasileiros, do folclore e da cultura popular. Aprendeu a
língua yorubá e se tornou uma das maiores autoridades sobre a aculturação dos
negros africanos.
Em 1936, escreveu uma série de artigos no “Estado da Bahia”,
sobre os ritos e festas dos candomblés
da Bahia, ocasião em que fez a defesa do seu culto. Obteve ampla repercussão. Pouco
a pouco estendeu sua atividade a outros periódicos da capital baiana: “Bahia
Jornal”, “A Luva”, “O Momento”, “Revista Flama”, “Boletim de Ariel”, “Seiva” e
“Diretrizes”.
Em 1937, organizou o 2º Congresso Afro-Brasileiro, e defendeu a criação da União das Seitas
Afro-Brasieiras da Bahia.
Aos 27 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde colaborou
no “O Jornal” , foi tradutor-redator da agência de notícias “The Associated
Press”, redator do “Britsh News Service” e dos jornais “Última Hora” e “Jornal do Brasil”. Exerceu
essas atividades mas não se afastou de sua preocupação principal: o estudo do folclore
e das tadições afro-brasileiras.
Com o objetivo de estudar a aculturação do negro africano,
fez uma viagem à Africa, onde entrou em contato com a civilização yorubá.
Chefiou a Seccão de Divulgação do Departamento Econômico da
Confederação Nacional da Industria e a Seccão de Estudos e Planejamento do
Serviço Social da Indústria. Foi o responsável
pelo Boletim Mensal da Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), do Ministério da Educação e Cultura (MEC), estruturou a Campanha
de Defesa do Folclore Brasileiro, fez parte do seu Conselho Técnico e foi, seu
diretor executivo.
Em 1959, iniciou sua vida de professor, ensinando
Bibliografia de Folclore no Curso de Bibliotecnomia da Biblioteca Nacional. Ministrou, depois,
vários cursos como professor-visitante das Faculdades de Filosofia de Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. Candidatou-se à cátedra
de Antropologia e Etnografia da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, concurso que, por razões de ordem política, não foi
realizado. Por este motivo, publicou dois trabalhos: Ladinos e Crioulos (1964)
e Dinâmica do Folclore (1965).
Em 1966, foi nomeado chefe da representação do Brasil no Primeiro Festival Mundial de Arte
Negra, realizado em Dakar, no Senegal. De Dakar foi, a convite da UNESCO, para
Dahomey (Benin), onde fez parte do
Colóquio Áfeica-América Latina. Depois, visitou o Togo e a Nigéria, publicando
em francês e em inglês um artigo sobre as religiões afro-brasileiras, publicado
pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, sob o título “Contribuição
da África à Civilização Brasileira”.
Sua bibliografia, dentre outros títulos, compreende as seguintes
obras:
Negros Bantos, Editora Civilização Brasileira, Rio de
Janeiro, 1937
O Quilombo dos Palmares, Editora Brasiliense, São Paulo 1947, 1958;
Castro Alves, 1947, 1958;
Candomblés da Bahia, Editora Museu do Estado da Bahia,
Salvador, 1948,
1954, 1961;
Antologia do Negro Brasileiro, Editora Globo, Porto
Alelegre, 1950;
A Cidade do Salvador, 1954;
A Conquista da Amazônia, 1956;
A Sabedoria Popular, 1957;
Insurreição Praiana, 1960;
Religiões Negras, Editora Civilização Brasileira, Rio de
Janeiro, 1963. Ministério da Educação e
Cultura" Rio de Janeiro, (1961
Édison Carneiro faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro
de 1972.
Sobre a sua pessoa há o seguinte verso, de autoria de
Rodolfo Coelho Cavalcante:
Doutor Edison Carneiro
Folclorista nacional,
Filho da terra baiana
Que hoje é nome imortal.
No folclore brasileiro
Doutor Édison Carneiro
Bem merece um pedestal.
Por ocasião do centenário de Edison Carneiro, disse Waldir Freitas Oliveira:
Édison Carneiro foi, sem dúvida, um ilustre, tanto na
História da Bahia como na do Brasil. Poucos, tanto quanto ele, dignificaram as
páginas que contam o que somos – baianos e brasileiros, com tanto acerto e
precisão de análise. Não foi um empolgado, um espalhafatoso baiano. Soube ver
com olhos atentos, a nossa realidade; e nunca se valeu da condição de haver
nascido na Bahia, para engrandecer-se ante os olhos dos seus contemporâneos.
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