UNIVERSIDADE DE COIMBRA
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Antônio Ferreira França, médico, político, matemático, filósofo e professor,
nasceu em Salvador, no dia 14 de janeiro de 1771, sendo seus pais Joaquim
Ferreira França e Ana Inácia de Jesus França.
Fez os estudos iniciais em sua cidade natal, após o que,
contra a vontade paterna, seguiu para Portugal onde, na Universidade de
Coimbra, realizou os cursos de Medicina, Matemática e Filosofia.
Dotado de inteligência invulgar, demonstrou excelente aproveitamento.
Seu conceito foi de tal ordem que o Professor José Monteiro da Rocha “dedicou-lhe
uma aula de Astronomia, apesar de ser um único aluno”.
Formado, recebeu o convite para exercer o magistério naquela
Universidade, o que recusou, regressando ao Brasil.
Regressando a Salvador, foi designado, por Carta Régia de D. Maria I,
para lecionar Aritmética e Geometria. Depois,
em 1810, foi momeado Lente Visitador das Escolas Régias da Bahia. Em 1812, foi
agraciado com o Hábito da Ordem de
Cristo. Em 1815, foi designado para
lecionar Higiene, Etiologia, Patologia e Terapêutica na Escola Médico-Cirúrgica da Bahia.
Ferreira França é considerado um pioneiro da homeopatia, pois
em suas aulas tecia comentários sobre
esta conduta terapêutica.
Após a Independência, dedicou-se à vida políica. Foi membro
do Conselho Provincial (1822), Deputado Constituinte (1823, e outras
legislaturas). Como deputado, apresentou, na sessão de 16 de junho de 1831, o
primeiro projeto de lei visando a abolição da escravatura. Em quatro outros projetos, propôs a extinção das
guerras, do cilibato clerical, do regime monárquico e da pena de morte.
Quando da proclamação da Independência, ele era membro do
Conselho Municipal e partidário da separação. Enquanto quase todos se retiraram
para o Recôncavo, Ferreira França permaneceu em seu posto, em Salvador,
desafiando Madeira de Melo.
Em 1832, assumiu a cadeira de Patologia Interna na Faculdade
de Medicina e, em 1837, passou a ensinar Grego e Geometria no Liceu Provincial
(do qual foi diretor, de 1841 a 1848).
Em 1835, por ocasião da minoridade de D Pedro II, Antônio
Ferreira França, eleito deputado pela Bahia, apresentou, na sessão da Câmara
Legislativa em 16 de maio daquele ano, projeto de lei abolindo a monarquia, Em
três parágrafos, propôs o fim do regime monárquico,
a suspensão dos direitos de seus herdeiros e a forma como o país deveria
escolher seus dirigentes (de dois em dois anos, no dia 7 de setembro). O
projeto provocou grande celeuma. O General José de Abreu e Lima, monarquista
ferrenho, denunciou ao povo brasileiro “o maior atentado que, nas atuais
circunstâncias, poderia cometer um seu representante” O General lançou,
pela Tipografia Niteroi, o “Bosquejo Histórico, Político e Literário do Brasil”,
com o sub´título “Análise crítica do projeto do Dr. Antônio Ferreira França,
oferecido em sessão de 16 de maio último”.
“A primeira vista, disse Rodolfo Teixeira em sua “Memória
Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia", a sua singular figura física não
denunciava ao observador, os valores intelectuais de que era dotado. Um seu
contemporâneo, o autor de “A Moreninha”, o Dr. Manoel de Macedo, descreveu
assim esse cidadão lendário da Bahia: “de baixa estatura e magro, trajava
sempre vestes que poderiam servir a homem alto e gordo, a gravata que usava era
tão longa que nela escondia, abaixando a cabeça, o queixo até o nariz: ah, sim,
a gravata – só uma vez o laço era feito, quando a comprava, depois era só
enfiá-la até que os tempos a consumissem”.
O mesmo A. completa, na mesma fonte: “Um dos seus traços mais
característicos era a concisão. Não gastava uma palavra sequer a mais quando se
dirigia a alguém. Atingia extremos. E nem sempre se dava bem. Foi o que
aconteceu com uma solicitação que fez ao Imperador D.Pedro I. Pretendia ser
médico de Sua Magestade, a quem dirigiu um sumário e sumítico requerimento. “Querará
Vossa Magestade me nomear seu médico?”. E nada mais. À resposta foi pronta,
brevíssima, através de uma única palavara – um Não, dito entre dentes, chiado,
agressivo”. Apesar deste incidente, foi nomeado e no desempenho deste elevado
cargo se portou com competência, dedicação e fidelidade.
Referindo-se à sua carreira política, Sacramento Blake teceu
o seguinte comentário: "Foi deputado à Constituinte Brasileira, em 1823 e
em três legislaturas subseqüentes, tendo a glória de sentar-se na Câmara entre
dois filhos seus, Cornélio Ferreira França e Ernesto Ferreira França; e mais de
uma vez, quando este, de imaginação ardente, de idéias liberalíssimas, se
exaltava na tribuna, puxando-lhe pela aba da casaca, lhe dizia: — Prudência,
senhor Ernesto! — E o moço sorria e se continha. Ele, entretanto, discutia com
a maior franqueza e coragem, sem temer as conseqüências de suas palavras, como
na Câmara mostrou quando, acusando energicamente o ministro da guerra, foi duas
vezes interrompido por apupos e ameaças que lhe atiravam muitos militares das
galerias, e duas vezes, com a mais fria coragem, com esmagadora indiferença,
repetiu a acusação”
Há muitas anedotas a respeito deste notável médico,
professor, filósofo e político. Uma delas, contada por Manoel de Macedo, é a
seguinte: "Um deputado atacava, por inútil e onerosa para o tesouro, a
criação de uma aula de Grego. O Doutor França, tomando a palavra e obtendo
licença do presidente, para fazer uma pergunta àquele deputado que acabava de
sentar-se, interrogou-o:
--"V. Ex.cia sabe ou em algum tempo estudou e procurou
saber a língua grega?"
--"Não", respondeu-lhe o colega.
--"Senhor Presidente, disse o Doutor França, tenho
respondido ao nobre deputado. E sentou-se no meio da hilaridade da Câmara, que
aprovou a criação da aula de Grego."
Antônio Ferreira França faleceu no dia 9 de março de 1848,
aos 77 anos de idade.
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