Wilson Rocha é um baiano que não nasceu na Bahia.
Nasceu em Cochabamba, na Bolívia, em 1921, mas sua vida intelectual e artística se desenvolveu na Bahia.
Poeta e crítico de arte, chegou a Salvador nos idos de
1940, quando publicou seus primeiros versos (“Poemas”) e, ao lado de
Cláudio Tavares, Vasconcelos Maia e Darwin Brandão, fundou o “Caderno da Bahia”,
revista que muito contribuiu para transformar a mentalidade dos artistas e
literatos da “Boa Terra”.
Depois, em 1950, publicou “O Tempo no Caminho”, e
iniciou sua atividade como crítico de arte, no jornal “A Tarde”, de Salvador.
Pouco a pouco estendeu sua colaboração ao “Diário
de Notícias” e outros jornais e revistas de Salvador, Rio de Janeiro e São
Paulo.
Mudou-se para São Paulo, em 1959. Depois, em 1974, passou
para o Rio de Janeiro. Em ambas as capitais, manteve relações com figuras representativas do mundo artístico e cultural. Também esteve algum tempo em Buenos Aires, ocasião em que visitou museus e coleções
particulares e criou amizade com intelectuais europeus e sul americanos.
Em 1960, publicou “Livro de Canções”, livro de versos,
editado pela Imprensa Oficial da Bahia.
O quarto livro, saído em 1963 e intitulado “De tempo Soluto”,
traz uma reprodução do retrato a óleo de
Pancetti, e foi editado em Lisboa.
Finalmente, em 1980, publicou “Carmina
Convivalia”, em Recife, com ilustrações de Ismael Caldas.
Retratando a vida e a obra de Wilson Lins, afirma Pedro
Moacir Maia, de quem extraímos grande parte da presente súmula: “Amigos e admiradores consideram
“A Forma do Silêncio” a melhor introdução ao conhecimento da produção poética
de Wilson Rocha; é uma antologia editada no Rio de Janeiro, recheada de
fotografias, desenhos e fac-símiles, com o apoio da Fundação Cultural da
Bahia. Mais completa, porém, é “Poesia Reunida”, publicada pela Biblioteca
Nacional, no Rio, em 2002, com um texto de João Carlos Teixeira Gomes, “O
Lirismo de Wilson Rocha”.
Disse Roger Bastide, em 1951: “Wilson Rocha é um poeta
autêntico”. Para Mário Mota, “emociona ver a nossa atual poesia liberta de
prevaricações e desvio madrigalescos na voz de Wilson Rocha, uma voz impregnada
dos grandes mistérios da vida e da morte e que, por isso mesmo, surgiu para
ressonâncias perenes”.
O grande poeta faleceu em 2005.
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CANÇÃO DE AMOR Á BAHIA
De Wilson Rocha, para Alice Soares
Os casarios da Bahia,
puras formas desnudadas,
suas pedras, suas portas barrocas,
ó distâncias prolongadas.
Recolhem uma luz conforme
suas velhas cores, suas grades,
e as igrejas com os seus santos.
Interiores, mistérios, saudades.
Intensa, como o passado,
a solidão aflora — grito mudo.
Ó contida soledade,
ó lento fim de tudo.
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