Alexandre Rodrigues Ferreira, conhecedor de vários idomas, naturalista,
geógrafo e cartógrafo, nasceu em Salvador, no dia 27 de abril de 1756.
Iniciou os estudos em sua cidade natal, onde frequentou o
Convento das Mercês, que lhe concedeu as primeiras ordens religiosas, em 1768.
Depois, seguiu para Portugal onde se matriculou na
Universidade de Coimbra, pela qual foi graduado em Filosofia Natural e
Matemática. Bacharelou-se aos 22 anos. Prosseguiu os estudos na mesma
universidade, onde chegou a exercer a função de Preparador de História Natural. Em 1779, obteve o título de Doutor.
Trabalhou no Real Museu da Ajuda.
Em 22 de maio de 1780,
foi admitido como membro correspondente na Real Academia das Ciências de
Lisboa.
Em 1778, foi indicado por Domingos Vandelli, e nomeado pela
Rainha D. Maria I, para chefiar a comissão científica encarregada de empreender
viagem pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Matro Grosso e Cuiabá.
A Expedição partiu do porto de Lisboa em 1 de setembro de
1783 e chegou a Belém em 21 de outubro de 1783. Durou nove anos. O objetivo era
“descrever, recolher, aprontar e remeter
para o Real Museu de Lisboa amostras de utensílios empregados pela população
local, bem como minerais, plantas e animais”
Alexandre Rodrigues Ferreira, empreendeu a
viagem entre os anos de 1783 e 1792, e descreveu a agricultura, fauna, flora, idiomas, doenças e costumes dos habitantes. Publicou livros, cartas, desenhos, mapas e
roteiros. A viagem o notabilizou, pelo que é considerado um dos mais sábios do nosso país.
“Entre os maiores nomes da geografia nacional, disse Antônio
Loureiro de Souza, sobressai, como dos mais eminentes, senão o maior de todos,
o de Alexandre Rodrigues Ferreira, infelizmente esquecido, dado o silêncio em
torno da sua personalidade de verdadeiro sábio”.
Para realizar tão importante missão, contou apenas com dois
desenhistas e um jardineiro. A viagem foi realizada sob os auspícios da
Academia das Ciências de Lisboa e do Ministério dos Negócios e Domínios
Ultramarinos. Para o seu planejamento, contou com o naturalista italiano Domenico
Vandelli. Enfrentando rigorosos cortes financeiros, teve sob seus ombros o encargo de colher as espécies, classificá-las e prepará-las para o transporte
para Lisboa, além dos estudos sobre agricultura, cartografia e confecção dos
mapas populacionais.
Depois desta tarefa, voltou a Belém do Pará em
Janeiro de 1792, onde deu por terminada a mais importante viagem científica do Brasil
Colônia.
Em janeiro de 1793, voltou a Lisboa, onde dedicou o resto
de sua vida à administração pública. Foi nomeado Oficial da Secretaria do
Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos.
Em 1794, foi agraciado com a Ordem de Cristo e tomou posse
como diretor interino do Real Gabinete de História Natural e do Jardim
Botânico. No ano seguinte, foi Vice-Diretor, Administrador das Reais
Quintas e Deputado da Real Junta de Comércio.
Alexandre Rodrigues Ferreira morreu em Lisboa, a 23 de abril
de 1815.
“Após a morte de Alexandre Rodrigues Ferreira, organizou-se
uma relação de seus manuscritos e papéis. Esta relação e os manuscritos foram
entregues, por ordem do Visconde de Santarém a Félix de Avelar Brotero em 5 de
julho de 1815 para que ficassem sob a guarda e conservação do Real Museu
d’Ajuda. A documentação permaneceu no Museu até o ano de 1838, quando foram
transferidos para a Academia Real de Ciências, a fim de que Manoel José Maria
da Costa e Sá, por ordem da mesma Academia, desse seu parecer para a publicação
das obras concernentes à viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira pela
América Portuguesa no final do século XVIII. A publicação não se concretizou e
os documentos se dispersaram entre várias instituições e colecionadores.’
(Muniz Ferreira)
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