CÓLERA
MÓRBUS (CARICATURA)
Cipriano Barboza Betâmio, mais conhecido como Cipriano Betâmio, nasceu em Salvador, em 3 de
março de 1818, sendo seus pais Jerônimo Barbosa e Cristódia Maria
Pires.
Aos vinte e três de idade,
matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em
1847.
Exercendo a clínica como
modesto profissional, e dirigiu um pequeno colégio, até
1855.
Em agosto daquele ano,
irrompeu no Brasil, grave epidemia de cólera morbus, a qual alastrou-se
rapidamente por quase todas as províncias do país.
Na Bahia, a situação mais
grave era a de Santo Amaro da Purificação. “Serpenteando a capital,
zigzagueando pelo sertão, pelo Recôncavo, pelo interior, a epidemia em pouco se
alastrou, de modo a tornar temerosos todos os ânimos, todas as almas
aflitas” .
O governo tomou as
providências cabíveis, mas a terrível doença, em meados de agosto, ameaçava de
extinção Santo Amaro e redondezas.
O pânico dominou todos os
habitantes. Os médicos negaram seus serviços, as autoridades desertaram seus
postos, os escravos fugiram apavorados, os engenhos de açúcar fecharam suas
portas, os maridos largaram as mulheres, as pais abandonaram os filhos e os
cadáveres, às centenas, ficaram amontoados nas ruas.
Ao tomar saber do sofrimento
daquele povo preso ao pavor coletivo, apresentou-se espontaneamente ao
presidente da província, para prestar seus serviços profissionais, o Dr.
Cipriano Betâmio, médico que não exercia nenhuma função
pública.
Ao comparecer diante do
presidente, disse : “Senhor Presidente, fique certo que vou trabalhar sem
descanso, vou tomar a dianteira dos trabalhos mais arriscados; não me lembrarei
de minha vida, nado exijo em recompensa de meus sacrifícios, se o puder vencer,
mas se sucumbir, V. Exa. e o governo olhem para meus filhos”.
Nomeado, seguiu Betâmio a 29
de agosto para Santo Amaro, acompanhado de dois colegas.
Ao despedir-se de sua esposa e
filhos, Cipriano, exclamou, emocionado: “Felismina, até a volta, se não for
torta !”
No dia seguinte à sua chegada,
tomou a jurisdição policial da cidade e, com apenas três escravos, iniciou a
exumação de, aproximadamente, trezentos cadáveres, amontoados nas ruas da
cidade.
A luta contra a cólera
continuou renhida, do amanhecer ao por do sol. Os recursos eram exaustos; a higiene,
precária; a água, quase não existia; os mortos, incontáveis; comércio, fechado; a cidade,
despovoada.
Afinal, depois de uma semana
de luta terrível, faleceu em Santo Amaro, às quatro e meia da tarde de 5 de
setembro de 1855, Cipriano Barboza Betâmio.
Cumprida a sua colheita, a
cólera havia ceifado mais de quarenta mil baianos, dos quais cinco mil, em Santo
Amaro!
O Imperador, concedeu, para a
viúva e filhos, uma pensão anual de um conto e seiscentos mil
reis.
Indaga o Dr. Irabussu Rocha:
“Não será Cipriano Betâmio digno de ser considerado o exemplo, o paradigma, o
herói, o primeiro dos sanitaristas brasileiros?”.
A CÓLERA, CARICATURA
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