terça-feira, 25 de setembro de 2012

CIPRIANO BETÂMIO




CÓLERA MÓRBUS (CARICATURA)

 



Cipriano Barboza Betâmio, mais conhecido como Cipriano Betâmio, nasceu em Salvador, em 3 de março de 1818, sendo seus pais Jerônimo Barbosa e Cristódia Maria Pires.

Aos vinte e três de idade, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em 1847.

Exercendo a clínica como modesto profissional, e dirigiu um pequeno colégio, até 1855.

Em agosto daquele ano, irrompeu no Brasil, grave epidemia de cólera morbus, a qual alastrou-se rapidamente por quase todas as províncias do país.

Na Bahia, a situação mais grave era a de Santo Amaro da Purificação. “Serpenteando a capital, zigzagueando pelo sertão, pelo Recôncavo, pelo interior, a epidemia em pouco se alastrou, de modo a tornar temerosos todos os ânimos, todas as almas aflitas” .

O governo tomou as providências cabíveis, mas a terrível doença, em meados de agosto, ameaçava de extinção Santo Amaro e redondezas.

O pânico dominou todos os habitantes. Os médicos negaram seus serviços, as autoridades desertaram seus postos, os escravos fugiram apavorados, os engenhos de açúcar fecharam suas portas, os maridos largaram as mulheres, as pais abandonaram os filhos e os cadáveres, às centenas, ficaram amontoados nas ruas.

Ao tomar saber do sofrimento daquele povo preso ao pavor coletivo, apresentou-se espontaneamente ao presidente da província, para prestar seus serviços profissionais, o Dr. Cipriano Betâmio, médico que não exercia nenhuma função pública.

Ao comparecer diante do presidente, disse : “Senhor Presidente, fique certo que vou trabalhar sem descanso, vou tomar a dianteira dos trabalhos mais arriscados; não me lembrarei de minha vida, nado exijo em recompensa de meus sacrifícios, se o puder vencer, mas se sucumbir, V. Exa. e o governo olhem para meus filhos”.
 
Nomeado, seguiu Betâmio a 29 de agosto para Santo Amaro, acompanhado de dois colegas.

Ao despedir-se de sua esposa e filhos, Cipriano, exclamou, emocionado: “Felismina, até a volta, se não for torta !”

No dia seguinte à sua chegada, tomou a jurisdição policial da cidade e, com apenas três escravos, iniciou a exumação de, aproximadamente, trezentos cadáveres, amontoados nas ruas da cidade.

A luta contra a cólera continuou renhida, do amanhecer ao por do sol. Os recursos eram exaustos; a higiene, precária; a água, quase não existia; os mortos, incontáveis; comércio, fechado; a cidade, despovoada.

Afinal, depois de uma semana de luta terrível, faleceu em Santo Amaro, às quatro e meia da tarde de 5 de setembro de 1855, Cipriano Barboza Betâmio.

Cumprida a sua colheita, a cólera havia ceifado mais de quarenta mil baianos, dos quais cinco mil, em Santo Amaro!

O Imperador, concedeu, para a viúva e filhos, uma pensão anual de um conto e seiscentos mil reis.

Indaga o Dr. Irabussu Rocha: “Não será Cipriano Betâmio digno de ser considerado o exemplo, o paradigma, o herói, o primeiro dos sanitaristas brasileiros?”.
                                                           
                                                                A CÓLERA, CARICATURA
 

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