MESTRE BIMBA
Manuel dos Reis Machado, mais
conhecido como “Mestre Bimba”, o criador da Capoeira Regional da Bahia”, nasceu
em Salvador no dia 23 de novembro de 1900, sendo seus pais Luiz Cândido Machado
e Maria Martinha do Bonfim.
Recebeu este nome devido a uma aposta
que sua mãe fez com a parteira que a atendeu. De acordo com a aposta, o filho, se fosse do
sexo masculino, receberia o nome de “Bimba” (alusão ao nome popular com que o
órgão sexual masculino era conhecido na Bahia).
Mestre Bimba começou a praticar a
capoeira aos 12 anos de idade, no bairro da Liberdade, com o africano Bentinho.
Aos 18 anos começou a ensinar
capoeira nas esquinas, nas portas dos armazens e nos terrenos baldios de Salvador.
Com o andar do tempo, achando que
a capoeira estava perdendo seu valor cultural, criou um estilo novo, inspirado no antigo “Batuque”
(luta na qual seu pai era um grande lutador).
Em 1928, surgiu o que ele denominou
“Capoeira Regional Baiana”..
O novo estilo ganhou as ruas e se
tornou popular.
Em 1937, Juracy Magalhães, Governador
da Bahia, convidou Mestre Bimba para
fazer uma apresentação no palácio, em presença do Presidente Getúlio Vargas e outros
convidados. O Presidente aplaudiu a iniciativa
e declarou-se encantado com a novidade.
A Capoeira Regional Baiana foi considerada
“Esporte Nacional”. Mestre Bimba foi reconhecido pela Secretaria de Educação e
Assistência Pública da Bahia como Professsor de Educação Física.
Sua academia foi a primeira a ser
legalmente reconhecida.
Mestre Bimba desenvolveu,
pela primeira vez, um sistema de ensino de
capoeira e foi o primeiro a ministrar este sistema em recinto fechado. Elaborou
técnicas próprias de defesa pessoal, inclusive contra armas brancas e armas de
fogo.
Para ele e seus seguidores a capoeira
tem princípios e preceitos próprios. É um modo de vida, um modo de ser e de atuar.
Éra voz corrente que Mestre Bimba
aplicava uma “Gravata” no pescoço do candidato que quisesse aprender sua arte,
e dizia: “Aguenta aí sem chiar”. Se o candidato aguentasse o tempo que ele
mesmo determinava, seria matriculado. A este procedimento denominava “Batizado”.
Depois, com o decorrer do tempo, passou a adotar métodos mais brandos para avaliar
os pretendentes.
Depois de aprovado, o candidato
passava a etapa seguinte, chamada “Sequência de Ensino”, constante de oito
sequências de movimentos de ataque, esquivas e contra-ataque. Os calouros
treinavam as sequências em duplas, sem o acompanhamento de instrumentos. Quando
as sequências estavam bem decoradas, o Mestre dizia: “Amanhã você vai entrar no
aço, no aço do Birimbau!”. O aprendizado durava alguns meses e só então o aluno
era batizado.
No batizado o aluno lutava pela
primeira vez na roda com o acompanhamento dos instrumentos (um birimbau e dois
pandeiros). Escolhido o “nome de guerra” todos aplaudiam o noviciado e então o
Mestre mandava o calouro pedir a “Benção” ao padrinho. A “Benção” consistia em
um golpe frontal com a parte inferior do pé empurrando o adversário na altura
do peito, de modo a jogá-lo no chão).
Para se formar em Capoeira
Regional era necessário, pelo menos, 6 meses de treinamento. O exame era
realizado em 4 domingos seguidos, na Academia do Meste, no Nordeste de
Amaralina.
Durante 4 dias os alunos se
submetiam a algumas situações onde teriam de mostrar os valores adquiridos em
seu aprendizado: força, reflexo, flexibilidade, etc.
A formatura consistia em uma roda
de formados antigos onde madrinhas, paraninfos e outros convidados deveriam ver
o que era a Capoeira Regioanal. Mestre Bimba comandava a roda cantando as
músicas caracterísitcas. Terminada a roda, o mestre chamava o orador (quase
sempre um formando mais antigo) para fazer um breve histórico da Capoeira
Regional e do seu criador, Mestre Bimba. Após o histórico, o mestre entregava
as medalhas aos paraninfos e os lenços azuis (sinal de graduação) às madrinahs.
As madrinhas colocavam os lenços nos pescoços dos
respectivos afilhados. No final da formatura, os recém-formados lutavam com formados
mais antigos os quais tentavam tirar as medalhas, aplicando golpes com os pés.
Em 1973, Mestre Bimba deixou a
Bahia. Foi para Goiânia, onde faleceu em 5 de fevereiro do ano seguuinte.
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