NOITE HISTORICA, DODÔ E OSMAR
A cultura, dizem os entendidos, é
tudo o que é feito pelo homem.
O “Trio Elétrico”, criado por
Dodô e Osmar, é cultura.
O carnaval baiano, a maior festa
popular do mundo, também é cultura.
*
Dodô e Osmar (isto é, Antônio
Adolfo Nascimento e Osmar Macedo) se conheceram
em 1938, quando participavam de um
programa de rádio, na Rádio Sociedade da Bahia.
Antônio Adolfo do Nascimento (o “Dodô”)
era eletroténico e músico; Osmar Macedo (o “Osmar”) também era músico. Juntos,
fabricaram, em uma oficina de fundo de quintal, localizada no bairro de
Itapagipe, uma ripa de madeira com seis cordas de aço, acoplada a um sistema de
amplificação.
A eles juntou-se um
percussionista, Temístoles Aragão.
Estava formado o trio...
Em 1950, o invento estava pronto para ser
entregue ao público. Os três subiram em um calhambeque, um Ford 1929 e, durante
o Carnaval, ao som do frevo, surpreenderam os foliões.
Assim nasceu a engenhoca que o povo apelidou de “Trio Elétrico”.
Uma empresa de refrigerantes
adotou o sucesso, ofereceu um caminhão aos
inventores e eles, empolgados pelo patrocínio, deram asas à criação.
Dizem os entendidos que o invento
constitui “o primeiro conjunto que deu
origem à guitarra baiana, que diferencia-se da guitarra tradicional por ter
cinco cordas em vez de seis”.
“Aleijadinho”, filho de Osmar é
hoje o principal virtuose.
Os “Trios Elétricos” se espalharam pelo Brasil e animaram não
somente os carnavaias como outros eventos, anunciando produos, participando de
campanhas políticas, de modo a entreter o povo de maneira a mais diversa.
Hoje, nas ruas de Salvador, além
de música popular, o povo corre atrás do trio elético ao som do “Moto Perpétuo”,
de Paganini, ou da “Marcha Turca”, de Mozart.
Nos anos 1980, o trio elétrico se
espalhou por outros países. Chegou a Roma, na Itália, e em Toulousse, na
França. Depois, encantou o México, durante a Copa do Mundo.
São os modernos “veículos de som”
que dão altos lucros aos patrocinadores, cobram altas taxas para se
apresentarem e espalham a poluição mundo afora, divulgam o Brasil.
“Dodô” faleceu em 1979.
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