MARIA FELIPA DE OLIVEIRA
Maria Felipa de Olveira, ou simplesmente Maria Felipa, é uma heroína baiana esquecida por um grande número de
historiadores.
Não se sabe qual a data do seu nascimento.
Sabe-se apenas que Maria Felipa era
uma mulher negra, alta, alegre e corpulenta que nasceu em Itaparica onde exerceu as
profissões de marisqueira e capoeirista.
Nasceu escrava. Depois foi libertada e como liberta trabalhou coletando mariscos e jogando capoeira, nas horas vagas.
Aprendeu a luta da capoeira para
vadiar e se defender. Queria que o Brasil se libertasse da dominação
portuguesa, que para ela era a única responsável pela escravidão dos seus avós
e descendentes.
Para cumprir seu destino, começou
se escondendo no outeiros da Fazenda 27,
em Gameleira (Itaparica), para acompanhar, duranre a noite, a movimentação das
caravelas lusitanas.
Em seguida, tomava uma jangada e
ia para Salvador, passar as informações para o Comando do Movimento de
Libertação.
Não satisfeita com sua atuação
na retaguarda, resolveu partir para luta.
Sabia que uma frota de 42
embarcações estava prestes a atacar a capital da Bahia e arquitetou um plano,
disposta a executá-lo.
Sob o comando de Maria Felipa, quarenta mulheres desceram a Praia do
Convento, vestidas a caráter, com sais rodadas e batas que deixavam um pedaço
do ombro desnudado..
Afirma a tradição oral que elas
“seduziram a maioria dos soldados e seus comandantes e levaram-nos para um
lugar ermo”. Quando eles, animados, ficaram sem roupa, elas aplicaram-lhes
uma surra de cansanção.”
Impunhando a planta
irritante, causaram nos soldados inimigos uma mistura infernal
de dor e coceira, deixando-os desarvorados.
“O ataque inesperado, vindo de um bando de
mulheres, tirou o sossego do acampamento. A surra com os galhos de cansanção deixou os
marinheiros sem reação. Enquanto eles se contorciam no chão, esfregando a
pele na areia para retirar a peçonha, as mulheres atiravam tochas nos barcos
mais próximos. O saldo de tão engenhoso ataque foi de 42 embarcações
queimadas, uma baixa significativa na frota reunida pelo general Madeira de
Melo para atacar Itaparica.”
Esta foi uma ação decisiva para a vitória das
tropas brasileiras, as quais, vindas do Recôncavo, entraram em Salvador no dia
2 de julho de 1823, sob ovação popular.
Xavier Marques registra o
acontecimento em seu romance, bem como Bernadino Nóbrega, Inácio Accioly e
Jurandir Pires Pereira.
Maria Felipa faleceu, em
completo ostracismo, em 4 de janeiro de 1873.
Sua memória continua esquecida.
O historiador Ubaldo Osório foi o primeiro a descobrir Maria Felipa. Seu neto, o escritor João Ubaldo, em seu
livro “O Povo Brasileiro”, cognomina-a “Maria da Fé”. A professora Eny Kleyde,
diretora do Centro de Estudos de Pós Graduação das Faculdades Integradas Olga
Mettig, publicou um livro sobre a heroína negra.
No restante, completo
silêncio.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário