SANTO EUSTÁQUIO, PROTETOR
DA UNIÃO FAMILIAL
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Manuel de Santa Maria de Itaparica, frade franciscano,
poeta do barroco brasileiro, nasceu na Ilha de Itaparica, em 1704, e faleceu na
mesma ilha, em 1768.
Pouco sabemos sobre sua vida. Sabemos, apenas, que professou
na Ordem dos Frades Menores, no covento de Cabaceiras do Paraguaçu, interior da Bahia, onde ingressou
em 1710, ainda muito jovem. Ordenou-se
no dia 2 de julho de 1720, dedicando-se depois ao púlpito e à poesia.
Frei Itaparica foi muito influenciado por Luis Vaz de Camões. É considerado um dos precursores do nativismo literário. Dentre suas obras
destaca-se “Eustáquios”, publicado pouco antes de sua morte. No prólogo, ele
declara tê-lo escrito porque tinha uma devoção particular a Santo Eustáquio,
terminando-o depois de uma longa interrupação. O poema está dividido em seis cantos em
oitava rima, e gira em torno da lenda cristã de Santo Eustaquio, que, com o
nome de Placido, fôra general do Imperio romano, no tempo de Trajano. Trata-se
de um poema sacro e tragicômico, descoberto por Francisco Adolfo de Varnhagen,
que atribuíu sua autoria ao padre
Francisco de Souza. Depois, na introdução de sua obra “Florilégio da Poesia Brasileira”,
Varnhagem reformulou a impressão inicial e afirmou que Frei Itaparica era o
verdadeiro autor.
Na obra de Frei Itaparica destacam-se a descrição do inferno, a
destrução de Jerusalém e a narrativa dos sonhos em que o Brasil é descrito em uma época anterior ao
seu descobrimento. Faz referência às belezas da ilha de Itaparica, com
pormenores sobre os frutos, fontes, legumes, árvores, igrejas e capelas. Acredita-se que o poema é
uma réplica à “Ilha da Maré”, de autoria de Manuel Botelho de Oliveira.
Analisando o “Eustáquios”, Haroldo Paranhos diz que “as duas primeiras estrofes contêm uma
proposição, em que se declara o desejo de exaltação da “Pátria”, vocábulo cujo
sentido se restringe à geografia do nascimento, no império portuguuês, sem a
conotação nacionalista de hoje. A terceira estrofe comporta breve invocação.
Depois, segue a descrição, arrematada por um epílogo bem caracterizado”. As
três primeira estrofes, diz ele, “dificilmente
agradarão ao leitor atual”. A obra não foi concebida para a contemplação
estética, e sim para a informação versificada sobre a ilha, suas belezas e
qualidades. Sua leitura nos dias de hoje requer “um mínimo de predisposição
histórica” (Ibidem). Além da parte de estilo sublime, o A. retorna à enumeração
das coisas simples e aprazíveis que são apanágio de sua ilha natal.
Depois de publicar sua obra prima, Frei Itaparica
faleceu em Itaparica, aos 68 anos de idade. A rigor, não sabemos qual o ano de sua morte. É possível que tenha
falecido depois de 1768, pois nesse ano tinha planejado publicar um conto
heroico sobre as festas que se realizaram na Paraíba, por ocasião do casamento
dos principes de Portual e Castela.
Segundo um autor de imaginação descontraida, Frei Itaparica
escreveu o seguinte: “Nasci em 1704, na Ilha de Itaparica. Eu era um homem muito reservado, por isso não se
sabiam muitas informações sobre minha vida. Lecionei na Ordem de São Francisco,
no convento de Paraguaçu. Escrevi "Eustáquios", sobre o Santo
Eustáquio Mártir. Na obra destaquei a descrição do inferno e a narrativa
dos sonhos onde o Brasil é descrito numa época anterior ao seu descobrimento.
Em Descrição da ilha de Itaparica falo sobre as belezas de minha ilha
natal. Eu Apreciava muito as obras de Camões, por isso minhas obras
mostram muitas influencias do mestre do Classicismo. Fui um dos precursores do
nativismo literário”.
Segundo o crítico José Aderaldo Castello, “Frei Manuel de Santa
Maria Itaparica contribuiu para o revigoramento da preferência em nossas manifestações
literárias da poesia de inspiração religiosa, na qual também é freqüente a
expressão do sentimento nativista, desde que houvesse possibilidades de
referências ou de exaltação da terra"..
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