sábado, 31 de maio de 2014

PADRE LUIS GONZAGA CABRAL

 
PADRE LUIS GONZAGA CABRAL
+do+padre+luis+gonzaga+cabral
 
 
O Padre Luis Gonzaga Cabral, professor, escritor e orador sacro, descendente de uma família aristocrática, nasceu em 1º de outubro de 1866, na Foz do Douro, em Portugal.
Educado por jesuítas, freqüentou o Noviciado do Barro, em Terra Vedras, estudou no Colégio São Francisco de Setúbal, fez o curso de Filosofia, em Uclés (Espanha) e o de Teologia, em Vais (França). Ordenou-se padre jesuíta em 1897, foi confessor  real e professor do Colégio Lisboeta de Campolide, do qual se tornou reitor em 1903.
*
A partir de 1875, quando surgiram os partidos Socialista e Republicano, a monarquia portuguesa começou a dar sinais de esgotamento e em outubro de 1910 os revoltosos proclamaram a República. O novo regime proibiu o ensino religioso e expulsou as ordens e congregações religiosas. Os jesuítas tiveram de fechar os colégios de Campolide e São Francisco e fugirem de Portugal.
O padre Luis Gonzaga Cabral, Provincial da Companhia, solicitou ao governo brasileiro autorização para instalar os religiosos no Brasil. Em 1911, obtida a autorização, os jesuítas vieram para a Bahia, foram acolhidos pelo arcebispo D. Jerônimo Tomé de Souza e fundaram  o Colégio Antônio Vieira. O Padre Cabral foi para a Bélgica onde passou a ensinar Literatura e Oratória aos estudantes exilados, até 1916, ano em que chegou em Salvador para ensinar no Colégio Antônio Vieira, do qual se tornou diretor em  1930.
Na Bahia o Padre Cabral permaneceu durante mais de vinte anos, exercendo louvável atividade apostólica e educacional. Importantes expoentes da cultura baiana e brasileira foram alunos dos jesuítas na fase em que os portugueses permaneceram na direção do Colégio Antônio Vieira, e de modo especial no período em que o Padre Cabral foi seu diretor. Dentre os discípulos mais distinguidos citamos Thales de Azevedo (um dos mais importantes antropólogos do Brasil), Hermes Lima (jurista, político e ensaísta, Primeiro Ministro em 1962), Anísio Teixeira (um dos maiores educadores do país), Jorge Amado (famoso romancista baiano), Hélio Simões (poeta e professor universitário), Herbeto de Azevedo (importante jornalista e escritor) e muitos outros. Três deles (Hermes Lima, Thales de Azevedo e Jorge Amado) registraram em seus livros suas memórias do tempo de estudante. Hermes Lima descreveu o colégio dos Coqueiros da Piedade como “uma residência espaçosa, de excelentes instalações”, e considerou os Padres Cabral e Torrend como as maiores expressões do  corpo docente. Thales de Azevedo demonstrou grande apreço pelo Padre Cabral, dizendo tratar-se de “um exemplo de laboriosidade e constância que se dedicou à mocidade de então, sem mostrar cansaço ou enfado, sem impacientar-se, sempre metódico e organizado, como se comprova na série de cadernos em que fazia o resumo dos seus sermões”. Jorge Amado confessou: “minha vocação literária foi despertada pelas aulas desse jesuíta, aplaudido orador sacro, grande estrela do colégio. A sociedade baiana vinha em peso ouvir seu sermão dominical”. Contou que “em determinado dia, em sala de aula, o mestre deu como atividade a escrita de um texto sobre o mar. O menino Jorge, em vez de tratar, como a maior parte dos seus colegas, dos “mares nunca dantes navegados” de Camões, preferiu escrever sobre o mar de Ilhéus, cidade da região cacaueira onde morou e da qual sentia saudades. O Padre Cabral levou os deveres para corrigir em sua cela. Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor naquela sala de aula. Pediu que escutassem com atenção o que ia ler. Tinha certeza, afirmou, que o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não regatou elogios”. Jorge Amado acabara de completar, apenas, onze anos...
*
O Colégio Antônio Vieira funcionou, inicialmente, nos Coqueiros da Piedade, cabendo ao Padre Cabral a construção da sede definitiva, no Garcia. “O publico baiano, a comunidade jesuítica e os alunos, afirmou Fernando Azevedo, ficaram encantados com a nova casa, ampla e arejada”. O Padre Luis Gonzaga Mariz, entusiasmado, escreveu: “Até que enfim estamos no novo Colégio Antônio Vieira! O edifício é esplêndido !”.
A mudança para as novas instalações foi realizada no início de 1933. O Padre Cabral deixou a direção do Colégio em setembro daquele ano, sendo substituído pelo Padre Manoel dos Santos. As preocupações financeiras decorrentes da construção abalaram sua saúde. Muito cansado, foi descansar no Colégio Manoel da Nóbrega, em Recife. A situação foi se normalizando pouco a pouco, no decorrer do reitorado do Padre Santos. Em 1935, mais tranqüilo, o Padre Cabral foi rever Portugal e por lá demorou alguns meses. Voltando   para a Bahia, faleceu cercado pelo carinho de seus alunos e admiradores, em 28 de janeiro de 1939, com a idade de 73 anos.
 




Nenhum comentário:

Postar um comentário