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Joaquim Pires de Carvalho e
Albuquerque d´Ávila Pereira nasceu em 1788, no Castelo da Casa da Torre, no
município de Mata de São João, sendo seus pais José Pires de Carvalho e
Albuquerque e Ana Maria de São José e Aragão.
Recebeu uma educação elementar na
casa paterna, após o que se dedicou à vida pública e às ações militares em favor
da Independência do Brasil.
*
Entre os dias 17 e 20 de
fevereiro de 1822, os militares brasileiros aquartelados na Cidade do Salvador se insurgiram contra a
nomeação do General Madeira de Melo para o cargo de Governador das Armas. A rebelião se espalhou por diversos quartéis. Os
revoltosos exigiam que o brasileiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães fosse
mantido no cargo de Governador das Armas, posto que ele vinha exercendo interinamente.
O tenente coronel Joaquim Pires
de Carvalho e Albuquerque d´Ávila Pereira, conhecido como “Santinho”, com
apenas 34 anos de idade, aderiu aos revoltosos. Partiu para o seu Castelo da Casa
da Torre com a finalidade de armar seus batalhões e marchar para Itapoã a fim
de impedir a entrada do reforço esperado pelas tropas portuguesas.
A rebelião foi controlada por
Madeira de Melo mas os soldados liderados pelos oficiais brasileiros
conseguiram escapar do cerco ao Forte São Pedro e se dirigiram para a Casa da
Torre a fim de se unirem às tropas arregimentadas por “Santinho”. O objetivo
era a retomada de Salvador.
Joaquim Pires de Carvalho estava
disposto a marchar com suas tropas sobre a capital mas seus irmãos
Antônio Joaquim e Francisco Elesbão o impediram. Francisco Elesbão era membro
da Junta Provisória de Governo, entidade responsável pelo governo da província.
Com o passar dos dias, a crise se
aprofundou, a ponto de tornar-se impossível qualquer tentativa de reconciliação.
Grande parte dos soteropolitanos
fugiu para o Recôncavo e muitos
portugueses que habitavam o Recôncavo rumaram para Salvador, a guisa de
proteção. Entre os brasileiros que saíram de Salvador estavam os irmãos da Casa
da Torre.
O irmão Antônio Joaquim foi
aclamado comandante militar da Vila de Santo Amaro e o outro, Francisco
Elesbão, foi eleito chefe do Conselho Interino de Governo, com sede na vila de Cachoeira.
Nesta altura dos acontecimentos, mais precisamente no dia 25 de junho, D. Pedro
foi aclamado Príncipe Regente, em Cachoeira.
As tropas arregimentadas na Casa
da Torre foram colocadas em Pirajá com o objetivo de fechar a estrada das
boiadas. Os dois batalhões ficaram “em uma colina cercada de um lado por matas,
onde brejos e alagadiços não faltavam, e, de outro, pela encosta que se
projetava sobre as praias de Itacaranha, Periperi e outras”. Fecharam o acesso para a capital, interromperam as comunicações
e estabeleceram o cerco a Salvador, impedindo que o gado bovino entrasse na cidade.
Com isto impediram o abastecimento das tropas portuguesas.
Firmada esta estratégia, “Santinho”
lançou uma proclamação ao povo de Salvador, dizendo: “Habitantes da Bahia! Os
males que tendes sido vítimas não nos são estranhos: os nossos governos não os
pode remediar: as provisões de boca estão cortadas, e não sei qual seja a vossa
demora nessa malfadada cidade: fugi para o seio de vossos irmãos, que de braços
abertos vos esperam: vinde com eles vencer ou morrer pelo nosso adorado
príncipe, por el-rei e pelas Cortes, que não autorizaram tiranos para nos
flagelarem. Habitantes da Bahia! A demora é prejudicial, confiai em meu
patriotismo e crede que no estado da defesa em que me acho não me atemorizam
esses vassalos que nos oprimem!”.
Os batalhões de “Santinho” eram
formados por milicianos, militares, negros e índios. Dentre estes, destacacou-se
o tapuia Bartolomeu que lutou como um herói na batalha de Pirajá.
O
capitão Pedro Ribeiro de Araújo, ficou responsável pelas operações em Pirajá,
enquanto "Santinho" se posicionou em Irapoã. O território das operações era muito extenso
para ser confiado a uma só pessoa: ia da estrada da Feira do Capuame (atual Dias Dávila),
Pirajá e Aratú, até Itapoã. A guerra era
a de guerrilha, com ataques pontuais, de surpresa e muito rápidos.
Até a chegada do general Labatut
e do seu “exército pacificador” (o que ocorreu em 28 de outubro de 1822), coube
a Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque o comando das ações militares dos
brasileiros. Labatut o promoveu a coronel do Estado-Maior e ajudante general do
seu exército.
Os batalhões da Casa da Torre
tiveram atuação decisiva na batalha de Pirajá.
Depois da entrada triunfal das
tropas brasileiras, em 2 de julho de 1823, “Santinho” e o Conselho Interino de
Governo se ressentiram com os desmandos do general Labatut. Tentando amenizar
os ânimos, o Imperador D. Pedro I nomeou Joaquim Pires para o cargo de
Governador das Armas do Ceará. Isso não impediu que Labatut mandasse prender “Santinho”,
sob acusação de conspirador. A prisão, todavia, não foi executa e Labatut acabou
deposto, em 23 de maio de 1823.
A participação de Joaquim Pires
de Carvalho e Albuquerque, foi decisiva para a vitória das tropas brasileiras.
Em 19 de março de 1826, ele foi agraciado com o titulo de Barão de Pirajá e,
seis meses depois, elevado a Visconde.
Cercado da admiração de todos,
Joaquim Pires de Carvalho faleceu em seu Castelo da Casa da Torre, “fiel aos
princípios de lealdade e patriotismo que o levaram a engajar-se ardentemente
nas lutas pela Independência da Bahia e do Brasil”.
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