CÂNDIDO BARATA RIBEIRO
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Cândido Barata Ribeiro, ou
simplesmente Barata Ribeiro, político, médico e escritor, nasceu em Salvador,
em 11 de março de 1843, sendo seus pais José Maria Cândido Ribeiro e Veridiana
Barata Ribeiro.
Foi para o Rio de Janeiro aos dez
anos de idade, matriculou-se no Mosteiro de São Bento, onde estudou os
preparatórios. Residiu, por concessão especial, num dos quartos daquele
convento e. para se manter, enquanto estudava lecionava o que aprendia.
Concluídos os preparatórios,
matriculou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde, em dezembro de
1867, recebeu o grau de doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas. Durante o
curso de medicina, foi interno de Clínica Médica e Cirúrgica e preparador de
Anatomia.
Formado, foi clinicar na cidade
de Campinas, em São Paulo, onde foi Diretor do Serviço Médico e Cirúrgico do
Hospital de Caridade e criou uma escola para crianças pobres. Em 1874, foi
nomeado Comissário Vacinador da província de São Paulo.
Depois, mudou-se para o Rio de
Janeiro, entrou em concurso para o magistério da Faculdade de Medicina e,
aprovado, foi nomeado Lente Catedrático daquela faculdade, por decreto de 25 de
março de 1883.
Na capital do Império, revelou-se
grande defensor da abolição da escravatura e do regime republicano. Proclamada
a República, ocupou, em 1891, o cargo de Presidente do Conselho Municipal. No ano seguinte, foi empossado no cargo de
Prefeito do Distrito Federal. Fez uma administração curta mas, assim mesmo, realizou fecundo trabalho. Combateu as epidemias de febre amarela, varíola e
tuberculose. O fato marcante do seu governo foi a demolição das estalagens
anti-higiênicas e cortiços do centro da cidade, O maior dos cortiços, com cerca de quatro mil pessoas, era o
“Cabeça de Porco”, situado na atual Zona Portuária. Calcula-se que existiam
naquela época, no centro do Rio de
Janeiro, seiscentos cortiços, o que correspondia a 25% da
população carioca. Os despejados migraram para os morros, dando origem as
famosas “favelas”. O Prefeito Barata Ribeiro só permaneceu no cargo até 26 de
maio porque foi vetado pelo Senado, em virtude dos problemas políticos
relacionados com as normas disciplinadoras que implantou.
Em uma época extremamente agitada,
Barata Ribeiro mereceu o respeito e
consideração de seus
adversários. Sofreu, apesar disso, um grande constrangimento. Em 23 de outubro de
1872 foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal e tomou posse em 25 de
novembro. Depois de empossado, sua nomeação
foi submetida ao crivo do Senado da República, e este, em sessão secreta
realizada em 24 de setembro de 1894, negou a
aprovação, por não lhe reconhecer “notável saber jurídico”, requisito
fundamental para o cargo. Naquele tempo o pronunciamento do Senado podia
ocorrer depois da posse, e assim, ao cabo de dez meses e quatro dias de ter exercido
o cargo, Barata Ribeiro foi obrigado a deixá-lo. Muito ligado ao então
presidente Floriano Peixoto, acabou atingido pela maioria oposicionista que
dominava o Senado, o mesmo Senado para o qual foi eleito anos depois. Em toda a
história desta alta Corte, somente quatro outros nomes foram vetados pelo
Senado: Ewerton Quadro, Inocêncio Galvão de Queiroz, Antônio Sève Navarro e
Demósthenes da Silva Lobo. Floriano Peixoto, autor das cinco nomeações, cometeu
freqüentes ilegalidades e ameaçou o Supremo Tribunal Federal diversas vezes.
Em 30 de dezembro de 1899, Barata
Ribeiro foi eleito Senador pelo Distrito Federal, e empossado em 25 de maio do
ano seguinte para um mandato que se estendeu até 1909.
Era membro emérito da Academia
Nacional de Medicina e sócio de várias outras instituições científicas e
culturais. Foi um pioneiro na utilização do Raio X no diagnóstico clínico dos
osteosarcomas, São importantes seus estudos sobre o pé torto
congênito, a tuberculose óssea e articular, as deformidades raquíticas com a
utilização combinada, ou não, de aparelhos gessados. Escreveu diversos trabalhos
sobre ortopedia, inclusive manuais e monografias, e realizou conferências sobre
assuntos de sua especialidade. Como homem de letras deixou algumas peças de
teatro das quais destacamos “O Segredo do Lar” (de inspiração abolicionista,
encenada em 1872). Dentre os livros que publicou destacamos “Mulheres que
Morrem”, “O Soldado Brasileiro”, “A Mucama” e “O Divórcio”.
Em sua passagem pela vida pública, nunca recebeu vencimentos.
*
Cercado do reconhecimento público
e da estima de seus contemporâneos, faleceu na Santa Casa do Rio de Janeiro, em
10 de fevereiro de 1910. Seu corpo foi
sepultado no Cemitério de São João Batista.
Uma das principais ruas de
Copacabana tem o seu honroso nome.
Também é patrono do Hospital referência em Ortopedia, Cirurgia Plástica e
Odontologia para pacientes especiais do município do Rio de Janeiro, localizado
no bairro da Mangueira.
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