RETRATO DE CIPRIANO BARATA
(PINTADO PORJOSÉ MARIA CÂNDIDO RIBEIRO)
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Abrimos exceção na lista de filhos
ilustres da Bahia para incluir um pintor
que viveu em Salvador e foi condenado
por utilizar sua arte na falsificação de
títulos bancários. Este pintor, desenhista e gravador, chamava-se José Maria
Cândido Ribeiro e nasceu em 1805.
Sua biografia é pouco conhecida.
Sabe-se que foi pai de Cândido Barata Ribeiro, médico, político e escritor
baiano, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Em sua honra foi denominada uma das
principais ruas de Copacabana.
O personagem retratado viveu em
Salvador onde realizou retratos a óleo de várias pessoas da sociedade. Gozou
de notoriedade durante a década de 1840,
casou-se com Veridiana Barata, filha de Cipriano Barata e de quem executou o
único retrato conhecido.
No final da década de quarenta, foi
condenado à prisão perpétua pelo crime de ter fabricado moeda falsa. Em 1855, a
pena foi comutada para quatro anos de degredo no município de Guarapuava, no
Paraná, para onde foi enviado em 1859. Apesar de ter a pena comutada, foi
acusado de ter praticado, novamente, o mesmo crime. Preso, acabou suicidando-se em Ponta Grossa, no ano
de 1861.
È possível que tenha cumprido
parte da pena, e também é possível que em 1853 tenha se mudado para o Rio de
Janeiro (esta informação está na biografia de seu filho, Cândido Barata
Ribeiro). É perfeitamente possível, pois há um processo de despejo contra
Cândido Ribeiro, por parte da Justiça do Rio de Janeiro, em 1856.
Não obstante a precariedade de
informações sobre a vida desta personagem, Francisco Ferreira Junior obteve
informes valiosos. Tais informes, devidamente documentados, constam de sua tese
de doutoramento, e são aqui sumariados.
Fabricar dinheiro, e colocá-lo em
circulação, era um crime comum na Bahia.
Em sua fala na abertura da Assembléia Legislativa, em 1857, o presidente da
província, Antonio Ignácio Azevedo, declarou que este delito e o roubo de
escravos eram os maiores inimigos da ordem pública. Cândido Ribeiro foi condenado
em Salvador e chegou à Guarapuava acompanhado de Serafim Carvalho Baptista e
Carlota Baptista Carvalho. Além da guia
que o acompanhou como degredado, Ferreira Júnior encontrou outro processo-crime,
de data anterior, acusando-o do mesmo delito. Consta dos autos que ele nasceu na
cidade de Penafiel, em Portugal, tinha 54 anos, possuía barba e cabelos brancos, era
exímio pintor e retratista a óleo, além de falsário. O histórico é o seguinte: entre
fevereiro e março de 1861 surgiu na secretaria de polícia do Rio de Janeiro uma
denúncia informando que o degredado José Maria Cândido Ribeiro (que estava em
Guarapuava) e seu protegido Serafim Baptista Carvalho e algumas pessoas alí
residentes, estariam montando uma
sociedade para o fabrico de dinheiro falso. Com base na denúncia Serafim foi
preso em Niterói e levado para interrogatório. Uma vez na polícia, informou
como havia conhecido Cândido Ribeiro, o motivo de sua estadia em Guarapuava e
porque teria voltado à Corte para procurar um indivíduo chamado Joaquim
Gonçalves do Rego Viana. Esta pessoa ficara encarregada de conseguir uma nota de
duzentos mil reis, do Banco Comercial e Agrícola, e enviá-la a Cândido Ribeiro para
ele “abrir uma chapa” e com ela falsificar a referida nota. Em seu degredo
Cândido Ribeiro levava a vida pintando retratos e praticando outros expedientes
necessários ao seu sustento. Com base no interrogatório de Serafim , foi autorizado uma busca na residência de
Cândido, em Guarapuava, e constatado que as drogas e moedas nela encontradas
eram suficientes para condená-lo. Após a perícia, Cândido Ribeiro foi enviado à
Curitiba onde foi interrogado. Em 10 de outubro de 1861, Cândido
e Serafim foram enviados de volta para Guarapuava, com escolta, para serem julgados.
Nesta altura dos acontecimentos Cândido
Ribeiro, acometido, ao que parece, de
uma crise depressiva, se suicidou. em Ponta Grossa, localidade situada no
caminho de Garapuava, para onde estava sendo conduzido. O suicídio, de acordo
com a descrição de Ferreira Júnior, ocorreu do modo seguinte: “Era 24 de
outubro de 1861. Pelas cinco horas da tarde José Maria Cândido Ribeiro saia da
casa do vigário da vila de Ponta Grossa e se dirigia para a casa de José
Joaquim Pereira Branco onde a pouco havia chegado para se hospedar. Em uma de
suas mãos levava uma pequena caixa vermelha, de madeira. No caminho entre as
residências, não muito distantes, Ribeiro abriu a caixinha e retirou uma
pequena pedra que levou a boca. Ao chegar à casa de Branco, ainda mastigava a
substância quando se sentou junto a algumas pessoas que ali estavam e pediu um
copo com água. Com um pequeno gesto convulsivo, o homem segurou o copo que lhe
trouxeram e o bebeu. Mal havia tragado a última gota, caiu como ferido por um
raio. De nada adiantou o óleo de rícino que ministraram. Seu genro, que estava
presente, o identificou como envenenado, provavelmente reconhecendo o cianureto
de potássio que restava na caixinha vermelha”.
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