quarta-feira, 25 de junho de 2014

JOSÉ MARIA CÂNDIDO RIBEIRO


RETRATO  DE  CIPRIANO BARATA
(PINTADO PORJOSÉ MARIA CÂNDIDO RIBEIRO)
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Abrimos exceção na lista de filhos ilustres da Bahia para incluir  um pintor que viveu em Salvador e foi  condenado por utilizar sua arte  na falsificação de títulos bancários. Este pintor, desenhista e gravador, chamava-se José Maria Cândido Ribeiro e  nasceu  em 1805.
Sua biografia é pouco conhecida. Sabe-se que foi pai de Cândido Barata Ribeiro, médico, político e escritor baiano, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Em sua honra foi denominada uma das principais ruas de Copacabana.

O personagem retratado viveu em Salvador onde realizou retratos a óleo de várias pessoas da sociedade. Gozou de  notoriedade durante a década de 1840, casou-se com Veridiana Barata, filha de Cipriano Barata e de quem executou o único retrato conhecido.

No final da década de quarenta, foi condenado à prisão perpétua pelo crime de ter fabricado moeda falsa. Em 1855, a pena foi comutada para quatro anos de degredo no município de Guarapuava, no Paraná, para onde foi enviado em 1859. Apesar de ter a pena comutada, foi acusado de ter praticado, novamente, o mesmo crime. Preso,  acabou suicidando-se em Ponta Grossa, no ano de 1861.

È possível que tenha cumprido parte da pena, e também é possível que em 1853 tenha se mudado para o Rio de Janeiro (esta informação está na biografia de seu filho, Cândido Barata Ribeiro). É perfeitamente possível, pois há um processo de despejo contra Cândido Ribeiro, por parte da Justiça do Rio de Janeiro, em 1856.

Não obstante a precariedade de informações sobre a vida desta personagem, Francisco Ferreira Junior obteve informes valiosos. Tais informes, devidamente documentados, constam de sua tese de doutoramento, e são aqui sumariados.
Fabricar dinheiro, e colocá-lo em circulação, era um crime comum na  Bahia. Em sua fala na abertura da Assembléia Legislativa, em 1857, o presidente da província, Antonio Ignácio Azevedo, declarou que este delito e o roubo de escravos eram os maiores inimigos da ordem pública. Cândido Ribeiro foi condenado em Salvador e chegou à Guarapuava acompanhado de Serafim Carvalho Baptista e Carlota Baptista Carvalho.  Além da guia que o acompanhou como degredado, Ferreira Júnior encontrou outro processo-crime, de data anterior, acusando-o do mesmo delito. Consta dos autos que ele nasceu na cidade de Penafiel, em Portugal, tinha  54 anos, possuía barba e cabelos brancos, era exímio pintor e retratista a óleo, além de falsário. O histórico é o seguinte: entre fevereiro e março de 1861 surgiu na secretaria de polícia do Rio de Janeiro uma denúncia informando que o degredado José Maria Cândido Ribeiro (que estava em Guarapuava) e seu protegido Serafim Baptista Carvalho e algumas pessoas alí residentes,  estariam montando uma sociedade para o fabrico de dinheiro falso. Com base na denúncia Serafim foi preso em Niterói e levado para interrogatório. Uma vez na polícia, informou como havia conhecido Cândido Ribeiro, o motivo de sua estadia em Guarapuava e porque teria voltado à Corte para procurar um indivíduo chamado Joaquim Gonçalves do Rego Viana. Esta pessoa  ficara encarregada de conseguir uma nota de duzentos mil reis, do Banco Comercial e Agrícola, e enviá-la a Cândido Ribeiro para ele “abrir uma chapa” e com ela falsificar a referida nota. Em seu degredo Cândido Ribeiro levava a vida pintando retratos e praticando outros expedientes necessários ao seu sustento. Com base no interrogatório de Serafim  , foi autorizado uma busca na residência de Cândido, em Guarapuava, e constatado que as drogas e moedas nela encontradas eram suficientes para condená-lo. Após a perícia, Cândido Ribeiro foi enviado à Curitiba onde foi interrogado. Em 10 de outubro de 1861, Cândido e Serafim foram enviados de volta para Guarapuava, com escolta, para serem julgados.  Nesta altura dos acontecimentos Cândido Ribeiro,  acometido, ao que parece, de uma crise depressiva, se suicidou. em Ponta Grossa, localidade situada no caminho de Garapuava, para onde estava sendo conduzido. O suicídio, de acordo com a descrição de Ferreira Júnior, ocorreu do modo seguinte: “Era 24 de outubro de 1861. Pelas cinco horas da tarde José Maria Cândido Ribeiro saia da casa do vigário da vila de Ponta Grossa e se dirigia para a casa de José Joaquim Pereira Branco onde a pouco havia chegado para se hospedar. Em uma de suas mãos levava uma pequena caixa vermelha, de madeira. No caminho entre as residências, não muito distantes, Ribeiro abriu a caixinha e retirou uma pequena pedra que levou a boca. Ao chegar à casa de Branco, ainda mastigava a substância quando se sentou junto a algumas pessoas que ali estavam e pediu um copo com água. Com um pequeno gesto convulsivo, o homem segurou o copo que lhe trouxeram e o bebeu. Mal havia tragado a última gota, caiu como ferido por um raio. De nada adiantou o óleo de rícino que ministraram. Seu genro, que estava presente, o identificou como envenenado, provavelmente reconhecendo o cianureto de potássio que restava na caixinha vermelha”.



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