GREGÓRIO DE MATOS
Gregório de Matos Guerra, ou simplesmente Gregório de
Barros, advogado e poeta, nasceu no dia 20 (ou 23) de dezembro de 1636, em
Salvador, sendo seus pais Gregório de Matos (fidalgo português) e Maria da Guerra
(brasileira).
De família abastada, aos
6 anos ingressou no Colégio dos Jesuítas da Bahia, onde estudou Humanidades. Continuou
sua formação em Lisboa e depois na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito,
em 1661. Sua tese de doutoramento, escrita em latim, encontra-se na Biblioteca
Nacional.
Em 1663, foi nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal.
Em 1668, representou a Bahia nas Cortes de Lisboa e em 1672
foi investido no cargo de procurador.
Voltou ao Brasil em 1679. Aqui chegou com 47 anos de idade e
foi nomeado desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia. Em 1682, foi tesoureiro-mor da Sé. Nesta época sua fama de
poeta já tinha chegado em Portugal.
Por não querer usar batina nem aceitar a imposição das
ordens maiores, foi destituido de seus cargos. A começar deste episódio intensificou
suas satiras. Não poupou o governo, a falsa nobresa e o clero, os costumes das classes sociais, os padres
corruptos, as freiras, os reinois e degradados, os mulatos e emboabas, os
arrivistas e “novos ricos”, a burguesia improvisada e inautêntica. Perigoso e mordaz,
recebeu o apelido de “Boca do Inferno”. Apaixonou-se
por uma viúva e com ela passou a viver com prodigalidade, até ficar reduzido à
miséria. Ainda assim, continuou boêmio.
Sua poesia era erótica, lírica, sacra, corrosiva e
pornográfica. A tal ponto chegaram seus poemas que o promotor eclesiástico da
Bahia o denunciou ao tribunal da Inquisição, acusando-o de difamar Jesus Cristo
e “de não mostrar reverência, tirando o barrete da cabeça ao passar uma
procissão”. A denúnicia foi arquivada mas as autoridades começaram a persegui-lo. Em 1694, foi preso e deportado
para Angola, onde exerceu a advocacia na cidade Luanda.
Ao fim de algum tempo teve permissão de voltar ao Brasil, mas não à Bahia. Fixou residência em Recife, onde se recompoz como cristão e
se tornou mais querido.
Morreu na capital pernambucana, no dia 26 de novembro de 1696,
em consequência de doença contraída em Angola.
Gregório de Matos é patrono da Cadeira 16 da Academia
Brasileira de Letras. Não publicou nada
em vida. Sua obra se manteve inédita até que Afrânio Peixoto reuniu seus
poemas em 6 volumes.
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