ALBERTO VALENÇA
Alberto de Aguiar Pires Valença ,mais conhecido como Alberto
Valença, pintor, paisagista, retratista e professor, nasceu em Alagoinhas, em
1890.
Dos 15 aos 24 anos, estudou no Liceu de Artes e Ofícios, em
Salvador, onde foi aluno de Manuel Lopes Rodrigues.
De 1906 a 1914, freqüentou a Escola de Belas Artes, na
capital baiana, ocasião em que entrou em contato com Presciliano Silva com quem
começou a pintar.
Em 1829, ingressou no Grupo A Távola, e em 1925 foi para a Europa com bolsa
de estudo do Governo da Bahia. Em Paris, estudou com o professor Emile Bernard,
na Academia Julian.
De regresso a Salvador, trabalhou como professor no Colégio
da Bahia, nos anos de 1928 e 1929..
Em 1940, foi contratado como consultor do Museu do Estado da
Bahia, assim permanecendo até 1960.
Em 1945, trabalhou como desenhista de casarios antigos da
Bahia para a Empresa de Planejamento Urbano da Cidade do Salvado e e, 1950
tornou´se professor efetivo de Modelo Vivo na Escola de Belas Artes da
Universidade Federal da Bahia; no ano seguinte passou a professor catedrático,
aposentando-se em 1960, quando foi distinguido pelo Conselho Universitário com
o título de professor emérito.
Em 1961, tornou-se membro da Academia Brasileira de Belas
Artes, e em 1970 ganhou o Prêmio Odorico Tavares.
Três anos depois, deixou de realizar suas atividades
artísticas em virtude de deficiência visual irreversível, causada por catarata.
em ambos os olhos.
Em 1980, a Organização Odebrecht lançou o livro “Alberto Valença- Um estudo
biográfico e crítico”, de autoria de Clarival do Prado Valadares, com 131 reproduções policromáticas, produzidas durante
os anos de 1914 a 1973.
Alberto Valença realizou várias exposições individuas e
coletivas, em Salvador e Rio de Janeiro.
Faleceu em Salvador, em 1983, com 90 anos de idade.
A Universidade Federal da Bahia, comemorando seu centenário,
promoveu uma exposição de seus trabalhos
na Galeria Cañizares da Escola de Belas Artes..
A respeito de Alberto Valença, disse Jayrth Moreira: “Falar
do professor e amigo Alberto Valença é voltar ao passado. É lembrar a Escola de
Belas Artes da Bahia, nos anos 50, localizada na rua 28 de Setembro, onde hoje
funciona um órgão público. Naquela época – recordo com certa emoção – era aluna
do terceiro ano e, desta forma, qualificada a transpor as portas do “atelier”,
local para mim, cheio de mistério, onde o Mestre Valença ministrava a Cadeira
de Modelo Vivo. Na minha fantasia, aquele salão, cheirando a tinta-óleo e
terebentina, parecia um santuário, um lugar sagrado onde se falava baixo e se
aprendia a descobrir o caminho das cores e, mais do que tudo, a perceber a
dança das luzes que entravam pela clarabóia. O Mestre nos guiava por este
mundo, através da sua voz mansa, mas firme e de um sorriso difícil de ser
definido. Seu olhar, por detrás dos grossos aros dos seus óculos, refletia
tonalidades que variavam do azul ao cinza, conforme a situação, como quando
cometíamos o pecado de não obedecer à ordem correta de colocar as tintas na
palheta. Essa diversidade de cromatismo repetia-se nas suas obras
impressionistas. Devo a você, Mestre, por ter despertado e refinado, com seus
ensinamentos, a minha natural sensibilidade de artista. Acredito que a sua
morada, hoje, deve ser a mais colorida estrela, onde você continua pintando
céus, praias e paisagens”.
Sante Scaldaferri acrescenta: “O Prof. Valença era um homem
muito sensível e se emocionava facilmente, indo constantemente às lágrimas.
Costumava sempre dizer: “Eu sou sincero”, e realmente não mentia. Com estas
palavras ele se referia a arte moderna querendo justificar a sua não adesão a
essa Escola, devido a não acreditar nela. Isto ocorria na década de 50, quando
fui seu aluno, e a arte moderna em Salvador já tinha dado os primeiros passos
no rumo de sua definitiva implantação. A Escola de Belas Artes da UFBa, obedecia
a padrões de ensino regidos pelos cânones acadêmicos, vindos da Escola de Belas
Artes de Paris. O Prof. Valença, ao lado da quase maioria dos professores da
Escola de Belas Artes, manteve-se fiel ao seu pensamento e aprendizado, não
tomando conhecimento da linguagem da arte moderna que já existia antes dele
estudar na Europa. Não somente ele, mas Presciliano Silva e Mendonça Filho,
professores com a mesma formação e com estudos na Europa, mais ou menos na
mesma época. Mesmo com uma linguagem ultrapassada, eles foram tão bons
artistas, dentro do que se propusaram realizar, como excelentes professores.
Posso afirmar que Valença era um homem bondoso e muito rigoroso quanto às suas
convicções. Dos três gêneros da pintura mais em voga na época, ele foi um
mestre do retrato, da paisagem e de marinhas. Para nosso reconhecimento e
deleite, seus quadros podem ser vistos em vários museus, principalmente os de
Salvador e em coleções particulares. Lembro sempre com carinho e saudades o meu
velho mestre que, ao lado de todos os outros meus professores da Escola de
Belas Artes, deixou ensinamentos muito úteis para o meu aprendizado”.
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