Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, mais conhecido como
“Mestre Pastinha”, um dos maiores mestres de Capoeira em nosso país, nasceu em Salvador
no 5 de abril de 1889, sendo seus pais o espanhol Jose Senor Pastinha,
comerciante dono de um pequeno armazém no Centro Histórico, e Maria Eugênia Ferreira, que vivia lavando
roupas e vendendo acarajé.
Aos oito anos de idade, foi
iniciado na arte da capoeira por um negro africano, chamado “tio Benedito” que,
ao ver Pastinha um menino magricela, apanhar de um garoto mais velho, resolver
ensinar-lhe um meio de defesa. Recordando o episódio Pastinha contou mais tarde:
"Quando eu tinha uns dez anos - eu era
franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só
eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se
pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar
escondido de vergonha e de tristeza. Um dia, da janela de sua casa, um velho
africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo
que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque
ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no
meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me
disse e eu fui...Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando
devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me
atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu
rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito." (Revista de
História da Biblioteca Nacional, Ano 3, Nº 30, março 2008.)
Ainda menino, freqüentou o Liceu
de Artes e Ofício, onde se iniciou na pintura. Nas horas vagas empinava arraia
e jogava Capoeira, ofício em que se tornou tão versado que, aos 13 anos, ficou temido e respeitado.
Em 1941, fundou a primeira escola
de Capoeira reconhecida pelo Governo baiano, no Largo do Pelourinho. Em 1966, foi destaque da
delegação brasileira que participou do
primeiro Festival Mundial de Arte Negra, no Senegal. Seu mérito é ter transformado a Capoeira em arte, conforme exposto em seu livro “Capoeira de Angola”.
A originalidade do seu método de
ensino e a sua prática como verdadeira expressão artística, privilegiam o trabalho físico e mental e propicia
grande capacidade criativa. Com este
perfil dedicou-se, durante décadas, ao ensino da Capoeira, inclusive no final
de sua existência quando, quase cego,
não
deixou de acompanhar seus alunos (dentre estes estão os Mestres “João Grande”, “João Pequeno”,
“Curió” e “Bola Sete”). Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé foram assíduos freqüentadores
de “Mestre Pastinha”, cuja Academia é
o tema central do disco “Transa”, de Caetano Veloso.
Apesar da notoriedade, “Mestre
Bimba” envlheceu cego e paralítico. Em
1973, foi obrigado a deixar sua Academia. No local foi instalado
o Restaurante do SENAI.
Morreu em Salvador, completamente esquecido,
no dia 13 de novembro de 1981.
FONTE: Wikipédia, a enciclopédia livre
Nenhum comentário:
Postar um comentário