Manuel Raimundo Querino, mais
conhecido como Manuel Querino, nasceu em Santo Amaro da Purificação, em 28 de
julho de 1851, sendo seus pais o carpinteiro José Joaquim dos Santos Querino e
Luzia da Rocha Pita, negros libertos que faleceram vitimados pela cólera, no ano de 1855.
Com a morte dos pais, Manuel
Querino foi entregue, a mando do Juiz dos Orfãos, a um tutor, o Bacharel Manuel
Correia Garcia, residente em Salvador.
Diz Augusto Viana que o Dr.
Manoel Correia Garcia “era um espírito elucidado, educado na Europa, cultor das
letras e amante das coisas do ensino”. Consuelo Novais acrescenta: “era
professor aposentado, político, jornalista e advogado, foi deputado pelo Partido
Liberal, praticava o Espiritismo e era Doutor em Filosofia pela Universidade de
Tubinge, na Alemanha”. Diz mais: “era professor de Aritmética, Desenho Linear e
Caligrafia na Escola Normal e principal fundador do antigo Instituto Histórico
da Bahia, em 1855 ou 1856”.
O tutor não fez de Manuel Querino
um serviçal. Pelo contrário, o encaminhou para ser um homem de bem, e dedicado
ao amor aos livros. Tentou atraí-lo para a pintura; o jovem, inspirado
no exemplo do protetor, inclinou-se também para o magistério, a política e a
pesquisa histórica e antropológica.
Com 16 ou 17 anos de idade, foi
para Pernambuco e Piauí. Estando no Piauí, foi recrutado e enviado para
treinamento no Rio de Janeiro. Mandado para a Guerra do Paraguai, foi
promovido a cabo de esquadra.
Terminada a guerra,
regressou à Bahia, onde trabalhou como pintor e decorador. Nas horas vagas,
entregou-se ao estudo. Estudou francês no Colégio 25 de Março, foi um excelente
aluno do Liceu de Artes e Ofícios, fez exames e foi aprovado com distinção.
Em 1877, o artista plástico
Miguel Navarro y Cañizares, fundou a Escola de Belas Artes da Bahia; durante a
construção da Escola, contratou Manuel Querino como pintor. Querino
matriculou-se, primeiro no curso de desenho, depois no curso de arquitetura.
Licenciado como professor de Desenho, lecionou no Colégio de Órfãos de São
Joaquim e no Liceu. Foi professor de Desenho Geométrico em 1885 e agraciado
como sócio benemérito, algum tempo depois.
Como decorador, desenhista e artista
plástico, Manoel Querino produziu obras que mereceram medalhas de prata e de
bronze, e menção honrosa, em vários concursos promovidos pelo Liceu de Ares e
Ofícios. Ninguém se empenhou, mais do que ele, pelo levantamento das artes na
Bahia. Como arquiteto, concorreu a um projeto de escolas. Como funcionário
público, exerceu diversos cargos na Diretoria de Obras e na Secretaria de
Agricultura. Como político, militou no Partido Liberal, onde foi solidário ao
seu padrinho e tutor, aos seus irmãos de cor, aos republicanos e aos
abolicionistas. Foi candidato a Deputado Federal e membro do Conselho
Municipal, por duas vezes, em 1881 e 1887-1889. Como jornalista, criou dois
jornais, “A Província” (1887-1888) e “O Trabalho” (1892), nos quais escreveu
artigos condenando as injustiças da escravidão, defendeu a "libertação dos
escravos seguida de preparação para o mundo do trabalho”, e afirmou que
“o ser humano não pode evoluir sem a educação". Como operário e artesão, além de
defender os direitos dos operários, incentivou a qualificação
da mão de obra, o ensino profissional e a união dos operários. Liderou o Partido Operário e foi o representante da
classe no Conselho Municipal da Cidade do Salvador (1880). Como intelectual,
publicou“Artistas Baianos” (1909), “Bailes Pastoris” (1914), “A Raça Africana e
os Seus Costumes na Bahia” (1916). “A Bahia de Outrora” (1916) e “O Colono
Preto como Factor da Civilização Brasileira” (1918). Seu livro mais conhecido,
“A Arte Culinária na Bahia”, foi lançada em 1928, cinco anos após a sua
morte. Como professor, lecionaou Desenho Linear e Desenho Geométrico e
publicou dois livros didáticos (“Desenho Linear das Classes Elementares” e
“Elementos de Desenho Geométrico”.
David Brookshaw, pesquisador
norte-americano, declarou que Manuel Querino seguiu as pegadas de Nina
Rodrigues, defendeu os negros e exaltou suas qualidades e lutou pela reabilitação
do mestiço urbano alfabetizado. "Seu papel, disse ele, pode ser comparado
ao de Booker Washington nos Estados Unidos, de quem, aliás, era fervoroso
admirador”
Manoel Raimundo Quirino faleceu
em Salvador, no dia 14 de fevereiro de 1923.
FONTE:
SabrinaGledhil
(disponível em http://mrquerino.blogspot..com.br/2007/03/biografia.html)
BIBLIOTECA MANUEL QUERINO, NO PELOURINHO (SALVADOR)
OBRAS DE MANUEL QUERINO
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