LUIZ PAULINO D´ OLIVEIRA PINTO DA FRANÇA
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Luiz Paulino d´Oliveira Pinto da França, também conhecido
como “Pinto da França”, militar luso-brasileiro e inspirado poeta , nasceu em
Cachoeira no ano de 1771, sendo seus pais Bento José de Oliveira (cirurgião,
rico proprietário e comerciante, em Portugal) e Maria Francisca de Jesus Ferreira d´Eça
(senhora de engenho, na Bahia).
Aos 10 anos, mudou-se para a cidade do Porto, em Portugal,
onde passou a viver com o pai. Aos 15
anos, matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde cursou Matemática e
Filosofia. Não terminou o curso: fez nova opção, e formou-se em Direito, no ano
de 1793.
Em 1795, seguiu a carreira militar, assentando praça no Regimento de Cavalaria 6, em Bragança. Em abril
de 1797, passou a Alferes e, em agosto do mesmo ano, a Tenente.
Em 1801, participou da Guerra das Laranjas, onde as tropas
luso-britânicas lutaram contra o exército franco-espanhol.
Em 1807, durante a guerra contra a França, mandou sua esposa
e os dois filhos mais moços para a Bahia, e ficou em Portugal com o filho mais
velho, de 12 anos, alistado no exército
português.
Em 1808, durante a guerra peninsular, foi um dos que mais se
distinguiram no combate às forças que, sobre o comando de Junot, invadiram
Porgual. Neste época era capitão. Demonstrou tamanha coragem e denodo que foi
sucessivamente promovido aos mais altos postos. Nesta ocasião foi chamado à
Coimbra e, instado pelo coronel do seu Regimento, e um oficial francês, a fazer
parte de um corpo expedicionário a serviço de Napoleão, negou-se veementemente
e entrou na igreja de Santa Cruz acompanhado de seu filho e, frente ao túmulo
de D. Afonso Henrique, quebrou a sua espada e improvisou um soneto que se
tornou famoso.
Em maio de 1812, regressou à Bahia, onde se encontrava a sua família. Chamado para o Rio
de Janeiro por D. João VI, assumiu, no posto de coronel, o comando do Regimento
de Cavalaria responsável pela guarda pessoal do soberano (depois do Grito do Ipiranga, este Regimento
se transformou nos “Dragões da Independência”).
Em 1817, tomou parte na expedição que esmagou a revolta de
Pernambuco. Como recompensa, foi promovido a brigadeiro e nomeado comandante do
Regimento de Cavalaria de Pernambuco.
Sempre honrado com a amizade de D. João VI, foi distinguido
com a categoria de cavaleiro da Casa Real e comendador da Ordem de Cristo.
Em 1819, foi promovido a Marechal de Campo e transferido
para a Bahia. No dia 18 de agosto partiu do Rio de Janeiro em um brigue
fretado, com a família e seus bens. Ao chegar
na entrada do porto de Salvador, sofreu um naufrágio. Em um pequeno bote
salvou a família, mas perdeu seus bens. Mais tarde, rememorando este
acontecimento, compôs o soneto intitulado “O Naufrágio”.
Ainda em 1819, já proprietário do engenho Aramaré,
localizado perto de Santo Amaro da Purificação, requereu ao rei autorização
para instalar em sua propriedade uma feira o que foi concedido. Nasceu assim uma nova vila, hoje município de Terra Nova.
Em outubro de 1821, foi eleito deputado para representar a
Bahia nas Cortes Constituintes em Lisboa onde teve atuação marcante. No ano
seguinte, durante uma sessão plenária, Pinto França votou com a maioria a favor
de uma moção hostil aos interesses do Brasil. O deputado Cypriano José Barata,
também da Bahia, fanático defensor da Independência do Brasil, saiu do Plenário
e, em um dos corredores, encontrou Pinto França. Sob o ardor de imprudente revolta,
o agridiu, no alto de uma escada. Empurrou-o, jogando-o escada abaixo. Desta queda resultou
fratura de costelas e uma contusão
pulmonar, possível origem da tuberculose que o matou dois anos depois.
Por ocasião a guerra da Independência, a família de Pinto da
França, dividiu-se, uns a favor do Brasil, outros a favor de Portugal. Dissolvidas
as cortes, após a insurreição comandada pelo infante D. Migual, D. João VI mandou
uma deputação ao Brasil com o objetivo de obter a reconciliação. Pinto da França
estava doente mas assim mesmo foi enviado com o objetivo de conseguir que as
tropas portuguesas estacionadas na Bahia abandonassem a luta e negociassem um
armistício. Ao chegar em Salvador encontrou a cidade ocupada pelo exército
libertador. Pinto da França foi muito mal recebido e obrigado a embarcar para o
Rio de Janeiro, onde, já agonizante, permaneceu em casa de um cunhado. Em 15 de
novembro de 1823, o Imperador D. Pedro I decretou a sua expulsão.
De regresso a Portugal, faleceu em alto mar, no dia 8 de
janeiro de 1824, acometido de tuberculose pulmonar e abatido por imenso
desgosto.
Dentre seus títulos e honrarias, destacamos: Fidalgo
Cavaleiro da Casa Real, Fidalgo da Cota d´Armas, Comendador em África na Ordem
de Cristo, Cavaleiro prorfesso na Ordem de Cristo, Comendador das Ordens de
Nossa Senhora da Conceição, Cavaleiro da Torre-e-Espada, Medalha de Ouro das
Campanhas Peninsulares, Deputado nas Cortes Constituintes de 1821, Vice
Presidente da Câmara dos Deputados da Assembléia Constituinte de 1822, Marechal
de Campo.
Como poeta deixou vários sonetos “vasados em forma impecável
e inspirados em nobres idéias” (Antônio Loureiro de Souza). Varnhagem considera
Pinto de França um poeta notável. Mário Torres, historiador baiano, afirma que ele sempre segurava em uma mão a
espada, na outra a pena.
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O NAUFRÁGIO
Pinto da França
“Do vento acoitado o Oceano geme,
Desarvora o mastro nos rouba o leme,
Já rasgada a vela pelos ares voa,
Nas ondas megulha sossobrada a proa
Matéria inflamável do ar se despega
Clarão côr de enxofre a vista nos cega
Raio combustível nosso barco arromba
No bojo dos mares o eco ribomba,
Três vezes a Deus com ancia imploramos;
Mas Deus está surdo. Em vão o chamamos;
O terror e o susto de todos se apodera,
O medo da morte só em nós impera.
Montões de infelizes nas ondas sorvidos,
Intentam salvar-se se por entre alaraidos
Um a outro disputa. A táboa partida,
E qual mais ligeiro vai perdendo a vida:
Acabada a contenda a táboa fugiu.
Ao longo dos mares boiando se vio
Feliz o que vive na sólida terra,
Que negra borrasca jamais lhe faz guerra!”
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