NINA RODRIGUES
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Raimundo Nina Rodrigues nasceu em
4 de novembro de 1862, na cidade de Vargem Grande, no Maranhão, sendo seus pais
Francisco Solano Rodrigues e Luísa Rosa Nina Rodrigues.
Cresceu em sua terra natal, sob
os cuidados de uma madrinha, que ajudava sua mãe nos afazeres domésticos.
Estudou no Colégio São Paulo e no
Seminário das Mercês, em São Luis. Era, nesta época, “uma criança franzina,
muito feia, irritadiça, e de saúde frágil”.
Em 1882, veio para Salvador e matriculou-se na Faculdade de Medicina da
Bahia, onde estudou até 1885, quando se
mudou para o Rio de Janeiro e concluiu o quarto ano médico. Voltando para a
Bahia no ano seguinte, escreveu seu primeiro artigo, sobre a lepra no Maranhão.
Retornando ao Rio, terminou o
curso, defendeu sua tese de doutoramento sobre “Paralisia Progressiva” (Amiotrofia
de Origem Periférica).
Em 1888, clinicou em São Luis,
com consultório na “Rua do Sol” (hoje, “Rua Nina Rodrigues”). Em 1889, hostilizado
pelos médicos locais “por atribuir à má alimentação problemas de saúde da
população carente da região onde vivera, resolveu fugir do provincianismo e
adotar definitivamente a Bahia como
morada”.
Na capital baiana encontrou
ambiente favorável para suas pesquisas sociais, herdadas da antropologia
criminal do médico italiano Cesare Lombroso e, é claro, do positivismo
sociológico penal. A cidade do Salvador tinha, na época, mais de dois mil
africanos catalogados. Aqui, neste ambiente propócio aos seus estudos e
pesquisas, deducou-se, também ao atendimento dos menos favorecidos, pelo que
foi chamado “o doutor dos pobres”.
Seu progresso foi impressionante:
em 6 de setembro de 1888, após concurso,
foi nomeado professor adjunto da 2ª cira de Clínica Médica da Faculdade de
Medicina da Bahia. Em 4 de março do ano seguinte, passou a lente substituto de
Higiene e Medicina Legal e em 21 de fevereiro de 1895, após concurso, foi
nomeado professor catedrático de Medicina Legal.
Da sua alentada bibliografia,
constam livros e artigos sobre diversos assuntos,
de modo especial Medicina Legal, Antropologia, Psicologia e Sociologia.
Aceito membro de várias
associações científicas internacionais, colaborou em periódicos científicos europeus e
norte-americanos.
Foi redator dos Arquivos de Psiquiatria, de Buenos Aires
e Vice-Presidente da Sociedade de Medicina Legal de New York.
“Trabalhando na interseção de
dois saberes, o médico e o jurídico, Nina Rodrigues constituiu e
institucionalizou – através de procedimentos especificamente médico-legais,aceitos
como cientificamente confiáveis por médicos, advogados e policiais – uma nova
especialidade médica brasileira, a Medicina Legal. Utilizando a metodologia
científica mais avançada de sua época, ele foi um dos pioneiros da Antropologia
brasileira, pelos seus estudos sobre religião, genealogia, língua e mitologia
dos negros afro-brasileiros. Estes trabalhos, sobretudo, e sua atividade como
professor e pesquisador, trouxeram-lhe notoriedade nacional e internacional “
(2).
“Possuidor de sólida e
diversificada cultura, , o Prof. Nina Rodrigues marcou época. Seus estudos
pioneiros sobre antropologia, versando sobre crenças, mitos e valores dos
afro-brasileiros, tiveram grande repercussão no cenário médico mundial”
(Ibidem).
O Instituto Médico Legal que hoje
tem o seu nome, foi, sem dúvida, a mais viva das suas aspirações.
Suas pesquisas sociais causaram
certa reação na mentalidade acadêmica. “Nina está maluco! Frequenta candomblés,
deita-se com inhaós e come a comida dos orixás”, diziam alguns colegas da
Faculdade.
Em janeiro de 1905, um incêndio
destruiu parte da Faculdade de Medicina e o laboratório de Medicina Legal,
lugar de trabalho de Nina Rodrigues. Segundo o Diário da Bahia, foram
destruídos “diversos trabalhos seus, de importância científica; trabalhosa
coleção de ossos humanos, cerca de 50, medidos e tratados; a cabeça de Antonio
Conselheiro, o crânio de Lucas da Feira, além de uma outra coleção de crânios
escolhidos, o que foi enormíssima perda” (5).
Em 1909, iniciou uma viagem á
Europa.
“Na noite da chegada em Lisboa, a 17 de maio
de 1906 – diz Nogueira Brito – e estando hospedado no Hotel de Inglaterra, teve
o Dr. Nina Rodrigues uma hemoptise leve. No dia 19, promoveu-se uma conferência
de médicos lisbonenses. A hipótese de tuberculose foi afastada, “pelo fato dos
pulmões ficarem transparentes sob a ação dos raios X. A 19 de junho, chegou o Dr. Nina Rodrigues a
Paris, para saber o parecer de facultativos daquele país” ( 2 ).
Faleceu na capital francesa, a 17 de julho de 1909.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.
Freire de Carvalho Filho, José Eduardo – Notícia Histórica sobre a Faculdade de
Medicina da Bahia. Salvador, 1909.
2.
Nogueira Brito, Antônio Carlos – A morte e o sepultamento de Nina Rodrigues.
Disponível em http:// www.istoriae
cultura .pro.br/cienciEpreconceito/lugaresdememoria/faculdadedemedicinadabahia,htm.
cesso em 26 de novembro de 2009.
3.
Ribeiro, Marcos A.P. – A morte de Nina Rodrigues e suas repercussões Disponível em http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n16_p54.pdfAcesso em 26 de novembro de 2009.
4. Sá Oliveira, Memória
Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942.
Salvador, 1992.
5. Sociedade Brasileira de
História da Medicina. Raimundo Nina Rodrigues. Disponível em
http:WWW.sbhm.org.br/índex.asp?p=medic_view&código=200. Acesso em 26 de
novembro de 2009.
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