segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ANTÔNIO PACÍFICO PEREIRA


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Antônio Pacífico Pereira nasceu em 5 de junho de 1846 na cidade de Salvador, sendo seus pais Victorino José Pereira e Carolina Maria Franco Pereira.
Após os estudos preparatórios, realizados em sua cidade natal, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em 1867.
Foram seus colegas de turma: Augusto César Torres Barrense, Aprígio Martins Menezes, Antônio Celestino Sampaio, Jayme Soares Serva, Manoel Ignácio Lisboa e Ulysses Leonésio Pontes.Todos, os quais, como estudantes de medicina, participaram do Serviço de Saúde do Exército, durante a Guerra do Paraguai (4).
Antônio Pacífico Pereira foi Opositor, por concurso, da Secção Cirúrgica, em 1871; concorrente (aprovado e não nomeado) à cadeira de Patologia Externa (1874); lente catedrático de Anatomia Geral e Patológica, em 1882; lente de Histologia, em 1882.
Diretor de Saúde Pública Estadual.
Aluno laureado, visitou, em várias oportunidades, o Velho Mundo, onde realizou estudos médicos nas principais capitais do continente.
“Humanista e competente clínico, e tendo a medicina como verdadeiro sacerdócio, dedicava-se, exclusivamente, aos seus doentes, que dele recebiam os cuidados primorosos de sua alta capacidade e a confiança que sabia impor através do trato ameno e da dedicação que consagrava aos enfermos, que tinham a fortuna de tê-lo à sua cabeceira” (3).
Colaborou em vários jornais leigos e científicos, sobretudo na “Gazeta Médica da Bahia”, da qual foi fundador, diretor e principal incentivador, durante mais de meio século.
Por duas vezes foi diretor da Faculdade de Medicina da Bahia. A primeira, em 1884, como diretor-substituto. A segunda, como diretor eleito, de 1895 a 1898, quando renunciou, por motivos políticos.
Durante a Guerra de Canudos, transformou a Faculdade em hospital, adaptando gabinetes e salas de aula em enfermarias, de modo a atender 521 pacientes, dos quais apenas 4 faleceram.
“Anatomista, cirurgião,obstetra, clínico geral, sanitarista, professor de vaias disciplinas, humanista, enfim, um sábio, Pacífico Pereira de plena justiça há merecido o título de “Preceptor Brasilae”, que lhe foi outorgado por congresso, realizado no Rio de Janeiro, em 1922” (1).
Revela Antônio Simões: “As grande e excepcionais personalidades podem por vezes apresentar certos tiques. Pacífico, não escapou. Ele manifestava um piscar freqüente de olhos que lhe valeu em certa oportunidade um ligeiro embaraço, quando viajava num dos bondes da Linha Circular.
Olhando, descuidadamente, para o condutor do veículo, em que viajava, o mestre batera a pálpebra por algumas vezes, e o condutor que tinha uma moça nas suas proximidades pensou que ele, Pacífico, quisesse pagar a passagem da jovem desconhecida... ” (3)
O grande médico, um dos maiores do Brasil, faleceu em Salvador, no dia18 de novembro de 1922.
 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Magalhães Neto, José Maria de – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume II, junho de 1979.
2.     Sá de Oliveira, Eduardo de – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.
3.     Simões, Antônio – Pacífico Pereira. Anais da Academia dda Bahia. Volume VI, julho de 1985.
4.     Tavaes-Neto, José – Formados de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, 2008.
 
 COMO NASCEU A ESCOLA TROPICALISTA BAIANA
(Extraído do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil(1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz/Focruz –http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)
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A formação da Escola Tropicalista Baiana partiu das iniciativas dos médicos estrangeiros radicados na Província da Bahia - Otto Edward Henry  Wucherer, de descendência luso-germânica, John   Ligertwood  Paterson, de origem escocesa e José Francisco  da  Silva  Lima, português. Com base em conhecimentos médicos europeus, as investigações realizadas por esse grupo seriamexpressão das novas disciplinas que surgiam durante o século XIX (anatomi ia patológica, parasitologia e bacteriologia). Contrapunham-se, assim, ao en sino médico oficial, representado na  época   pela Faculdade de Medicina da Bahia e pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que ainda fundamentavam-se na teoria miasmática para explicarem a etiologia das doenças, pres supondo que o solo produzia emanações causadoras  de  doenças que acome tiam as populações. O grupo localizado na cidade de Salvador, Bahia, acaba va, assim, por desafiar atradição do ensino e da prática médica local baseada na reprodução do saber médico europeu, principalmente de origem francesa, desvinculado das    singularidades da  realidade  brasileira (PEARD, 1997  e 997BARROS, 1998). Lycurgo de Castro Santos Filho (1991), assinala que a medicina brasileira durante o século XIX,  desde  a  fundação das escolas de cirurgia em 1808, se caracterizou pela   observação   clínica, como no século anterior. Neste sentido, destaca os trabalhos dos tropicalistas" da Bahia   que teriam apontado um novo rumo, o da pesquisa da patologia, considerando-os predecessores da medicina experimental, que  se  firmaria  no Brasil a partir do médico sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz  e   do Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, no limiar do século XX.
O historiador Flávio Edler (2001) observou que a Escola Tropicalista Baiana segundo esses autores teria apresentado uma trajetória singular no panorama das instituições médicas  do período por   desenvolver   estudos baseados em disciplinas  do   ramo   das ciências naturais que só viriam a ser exploradas a partir   do   final   do século   XIX, com   a institucionalização   da  medicina fundamentada nas teorias do cientista francês Louis Pasteur (1822-1895). Edler (2001) questionou essa visão, considerando   que   desde   a criação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro em 1829, as elites médicas, parte formada pelas faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, já vinham desenvolvendo pesquisas no  âmbito da   anatomoclínica e da higiene   voltando-se   para  alguns   ramos   das ciências naturais como a botânica, a climatologia, a  metereologia,  a  topografia. Essas pesquisas não deixavam de buscar as causas das  doenças próprias à nossa realidade climá-tica,"na identificação dos agentes deletérios ambientais (...)   e na adequação das medidas profiláticas propugnadas pela Higiene às condições nacionais" As primeiras reuniões da denominada Escola Tropicalista Baiana, ocorreram na residência de John Ligertwood Paterson, sendo quinzenais e noturnas. Posteriormente, as sessões se efetuaram   alternadamente na casa de cada um dos três. Inicialmente além desses médicos fundadores, o ccom a assistência de mais quatro facultativos: o cirurgião Manul Maria Pires Ca ldas, o clínico Ludgero Ferreira e os professores da Faculdade de Medicina da Bahia Antônio José Alves (pai do poeta Castro Alves e professor  de cirurgia) e Antônio Januário de Faria (professor de clínica médica). Participavam ainda do grupo, dois médicos   estrangeiros: Thomas  Wright Hall, que trabalhava com a comunidade britânica, e Alexander Ligertwood Paterson, irmão de John Ligertwood Paterson. Nessas reuniões, discussões científicas eram baseadas na anatomia patológica  e  no uso pioneiro de mi- croscópio no Brasil. Mais tarde, alguns estudantes   da Faculdade  de Medi- cina da Bahia como Antônio Pacífico Pereira (1846-1922); seu  irmão, Ma-  nuel Victorino Pereira (1853-1902) e Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) integrara-se à Escola Tropicalista Baiana, atraídos pela crítica à medicina ocidental  tra tradicional e pelas pesquisas originais desenvolvidas pelo grupo.
Embora alguns professores da Faculdade de Medicina da Bahi participassem de suas atividades, os  membros  fundadores não  conseguiram se integrar ao corpo docente dessa instituição de ensino. Portanto, a prática  e ensino dessa medicina eram exercidos informalmente no Hospital da Santa Casa da Mise- ricórdia da Bahia, e a divulgação dos estudos realizados pelo grupo era feita através do periódico Gazet a Médica da Bahia, lançado em jde 1866.
O nascimento da chamada Escola Tropicalista Baiana poderia ser traçado por meio da sugestão de John Ligertwood Paterson, como um encontro informal entre quatorze médicos instalados em Salvador, que se reuniram com o intuito dediscutir assuntos de  interesse clínico,   bem   como a última literatura  médica. As discussões enfocavam os   casos  mais típicos das doenças tropicais da região. Para investigar esses  distúrbios, os   médicos   fizeram uso das mais avançadas ferramentas da medicina européia como novos métodos clínicos baseados em medidas e aplicados pela fisiologia, o uso da química na aná- lise de corpos fluidos, e das novas disciplinas de parasitologia e microscopia. Embora não tenham  recebido apoio oficial nem fundos para a realização de  seus  trabalhos, o  grupo  dos "tropicalistas" conseguiram tornar-se uma   importante   força   inovadora   na   Bahia    e na medicina brasileira (PEARD, 1997). Isto de certa forma, foi reconhecido por alguns cientistas brasileiros mais tarde como Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, parasitolo-     gista e discípulode Oswaldo Cruz. Ao tomar posse como professor  hono -rário na Faculdade de Medicina da Bahia em 13 de fevereiro de 1924, Cha gas ressaltou em discurso a  importância das influências recebidas da Escola Tropicalista Baiana nos seus estudos (TORRES, 1946). Chagas tornara-se conhecido pela descoberta da doença produzida pelo Trypanosoma cruzi, que foi designada em sua homenagem de Doença de Chagas.
 

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