MESTRE WALDEMAR
rd=ssl#q=mestre++waldemar
Waldemar Rodrigues da Paixão,
mais conhecido como Mestre Waldemar, Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero
Vaz, nasceu na Ilha da Maré, em 22 de
fevereiro de 1916.
Em 1940, aos 34 anos de idade,
levantou um barracão na invasão do Corta Braço, no bairro da Liberdade, e, aos domingos, começou a praticar a capoeira..
Simultânemente, ensinou capoeira na rampa do mercado, na Cidade Baixa.
A partir dos anos cinquenta, seu barracão da Liberdade atraiu acadêmicos,
artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds e Simone Dreyfus gravaram o
som de seu berimbau. o escultor Mário Cravo, o pintor Caribé e a maior parte dos amantes da capoeira
começaram a frequentar sua academia. O
números de simpatizantes continuou a aumentar até que, em 1956, começaram a entoar
longos solos antes do jogo, inovando o que hoje chamamos “ladainhas”. Waldemar,
entusiasmado com o sucesso, pintou seus berimbaus e os vendeu aos visitantes e aos turistas. Esta
prárica se transformou em uma fonte de renda para mestre Waldemar.
Apesar do seu talento, Waldemar se
manteve retraido e assim permaneceu até uma idade avançada. Apesar de ser bom capoeirista, bom cantor e tocador, mantendo-se
afastado da mídia.
Nos anos oitenta, acometido de
doença de Parkinson, gravou CDs com
Mesre Canjiquinha e a tal ponto se tornou famoso que deu seu nome a um dos
bairros de Salvador.
“Um esporte que eu estimo é a
luta de Angola”, dizia ele quando era abordado por jornalistas.
Seus mestres foram Seri de
Mangue, Tanabi. Canário Pardo e Mestre Ricardo do Cais do Porto.
Waldemar era frequentador assíduo
das festas de largo e ensinava capoeira promovendo “rodas”, que se tornaram célebres pelas “ladainhas”
cantadas como um diálogo entre birimbaus,
birimbaus que ele fabricava e se notabilizaram por sua
beleza e qualidade.
Temido e respeitado, reuniu muitos
admiradores., tornando-se famoso pela diversidade dos jogos que praticava, dos
mais lentos aos mais combativos, com preferência pelos primeiros.
Cercado da admiração de seus
discípulos, faleceu em Salvador, no ano de 1990. No livro “Bahia: Imagens da Terra e do Povo”,
publicado em 1964, Odorico Tavares assim descreve uma roda de Waldemar no
Domingo a tarde, no Corta Braço: “Com os tocadores ao seu lado o mestre levanta
a voz, iniciando o canto. Os jogadores, em número de dois, estão de cócoras, à
sua frente. É lenta a toada que o mestre canta , como solista e já os
capoeiristas acompanham-no em movimentos mais lentos ainda, como cobras que
começam a mover-se: olha o visitante atentamente, como se aqueles homens nem
ossos tivessem, seus membros parecem que recebem um impulso quase insensível,
de dentro para fora.(…) Os homens não se tocam para defesa e ataques que se
sucedem em imprevistos de segundos. É um milagre em que a violência de um
ataque resulta em outro ataque, em que ninguém se toca, ninguém se fere, ninguém
se agride. É combate, é baile que dura horas.”
Mestre Waldemar sempre procurou
um bom convívio com todos os capoeiristas recebendo-os em seu barracão com
muito respeito e também sendo muito respeitado. O seu reconhecimento com Mestre
evitava conflitos provocados pelos chamados ‘valentões’. Sobre esses conflitos
Waldemar nos conta: “Barulho eu nunca tive com ninguém, porque eu sempre fui
respeitado, nunca ninguém me desafiou. Se me desafiava para jogar, Mestre que
aparecia aqui, a minha cabeça resolvia.(…) Me respeitavam muito os meus alunos.
E não tinha barulho, porque eu olhava para eles assim, eles vinha pro pé de mim
e ninguém brigava.”
O canto e o toque de berimbau não
eram suas única habilidades o mestre também era um exímio jogador de capoeira.
Ele relembra: “Quando eu jogava, eu dizia: toque uma angola dobrada. É um por
dentro do outro, passando, armando tesoura, se arriando todo. Parece que eu tô
vendo eu jogar. Eu joguei muito.(…) Eu gostava de jogar lento, pra saber o que
faço. Pelo meu canto você tira. Eu canto pra qualquer um menino desse jogar, e
ele jogo sem defeito. Para os meus alunos eu digo que vou cantar e eles já
sabem o que eu quero: são bento pequeno. É o primeiro toque meu. Para o outro
tocador eu digo : ‘de cima para baixo’, e ele sabe que é são bento grande. Para
viola eu digo: ‘repique’, e ele bota a viola pra chorar.”
Ainda hoje um excelente artigo. Uma pena não sabermos o dia exato da Morte do Mestre Waldemar...é um mistério que cerca sua morte até hoje...se alguém souber me avise. advocaciaaraujomoura@gmail.com
ResponderExcluir