COBRINHA VERDE
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Rafael Alves França, conhecido
como Cobrinha Verde, um dos capoeiristas mais respeitados da Bahia, nasceu em Santo Amaro da
Purificação.
Gabava-se de ser primo de outro
mestre famoso, chamado Besouro Mangangá. Com ele, aos quatro anos de idade, recebeu as primeiras lições de capoeira. Também
foi aprendiz dos mestres Siri de Mangue, Canário Pardo e Doze Homens. Além
destes, “bebeu da sabedoria” de Maitá, Licuri, Joité, Dendê, Gasolina,
Espiridião, Juvêncio Grosso, Espírito Remoso, Neco e Tonhá.
Percebe-se, portanto, que Cobrinha Verde,
adepto da capoeira de Angola, era realmente
muito “instruído”.
O nome “Cobrinha Verde” foi dado por
Besouro Mangangá, em alusão à agilidade e destreza de suas pernas. Era, também, um perito no jogo de “Santa Maria” (toque no
qual os capoeiristas lutam com navalhas entre os dedos dos pés...).
Rafael Alves assentou praça no
exército, onde alcançou o posto de 3º sargento, e chegou a participar da
revolução constitucionalista de 1932. Após dar baixa no exército, começou .a
dar aulas de capoeira no bairro da Fazenda Grande e no Centro de Capoeira de
Angola 2 de Julho, no Nordeste de Amaralina. Neste último local, dividiu os
trabalhos com Mestre Pastinha passando seus conhecimentos para João Grande,
João Pequeno e outros alunos que se tornariam mestres.
Sempre ensinou gratuitamente,
pois Besouro Mangangá o fez prometer que jamais ganharia dinheiro com a capoeira.
Esta foi uma promessa que ele cumpriu até o fim da vida.
Certa feita Cobrinha Verde deixou
o recôncavo baiano, visitou o nordeste brasileiro e acabou fazendo parte do bando de cangaceiros comandado por Horácio
de Matos. Armado com um facão de 18 polegadas, lutou contra oito policiais e, com
o facão, desviou as balas disparadas
contra ele. Para realizar façanhas como esta contou com mandingas ensinadas por um velho africano
chamado Pascoal, vizinho de sua avó. Ele era possuidor de um patuá dotado de
poderes mágicos, um patuá vivo, que ficava pulando quando era deixado em um
prato virgem.. Um dia o patuá fugiu por causa de um erro que Cobrinha Verde cometeu.
Depois de muitas peripécias,
Cobrinha Verde voltou para Salvador onde viveu ensinando capoeira, até 1983, ano
em que faleceu.
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