segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ODORICO TAVARES


        
ODORICO TAVARES


 

Odorico Montenegro Tavares da Silva, mais conhecido como Odorico Tavares, jornalista, poeta, escritor e colecionador de arte, nasceu em Timbaúba, Pernambuco, em 1912.
Diplomado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, iniciou a carreira de jornalista no “Diário de Pernambuco”, dos “Diários Associados”.
Em 1933, fundou, com o jornalista Aderbal Jurema, a revista “Momento” e no ano seguinte publicou, com o mesmo Aderbal Jurema, o livro Vinte e Seis Poemas. Em 1939, lançou seu segundo livro de poemas,  A Sombra do Mundo.
 
Em 1942, foi convidado por Assis Chateaubrien para dirigir os Diários Associados na Bahia, de cujo conglomerado faziam parte a Rádio Sociedade da Bahia e os jornais Diário de Notícias e O Estado da Bahia. Em Salvador, foi logo absorvido pelo grupo   de escritores, artistas e intelectuais soteropolitanos. No Diário de Notícias, além de editar o suplemento cultural, assinou a coluna diária Rosa dos Ventos, autêntica vitrina cultural e artística da Bahia.
Promoveu diversos eventos artísticos e literarios, dentre os quais destamos:
1)  A primeira exposição de arte moderna brasileira na Bahia, com trabalhos de Lasar Segall, José Pancetti, Di Cavalcanti, Bonadei, Santa Rosa, Oswaldo Goeldi, Tarsila do Amaral e Alfredi Volpi.
2)  A publicação do livro Imagens da Terra e do Povo, ilustrado por Caribé e premiado com medalha de ouro na 1ª Bienal do Livro e Artes Gráficas de São Paulo, em  1961.
3)  A reportagem alusiva ao Centenário da Guerra de Canudos, fruto da reconstrução, que fez com Pierre Verger, do percurso de Euclides da Cunha nos sertões da Bahia.
 4)  A criação, com Carlos Eduardo da Rocha, Zitelman de Oliva, José Martins Catharino e Manoel Cintra Monteiro, da Sociedade de Cultura Artística da Bahia e da Galeria Oxumaré (primeira galeria de arte da Bahia).
5)  O apoio à criação do Museu de Arte Moderna da Bahia, projetado e dirigido po Lina Bo Bardi, e do Museu de Arte Sacra da Bahia  (inaugurado pela Universidade Federal da Bahia).
6)  A fundação da TV Itapoan, primeira emissora de televisão da Bahia, com notável incentivo aos jovens artistas Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Genaro e Raimundo de Oliveira.
7)  A publicação dos livros Os Caminhos de Casa-Notas de Viagem, Meus Poemas aos Meus Pintores e Livro de Luciano (dedicado ao neto Luciano Tavares).
8) A criação do Teatro Vila Velha, em Salvador, e do Museu Regional de Feira de Santana.
Como fruto  de seu trabalho, foi eleito, em 1971, para a Academia de Letras da Bahia e o Governo da Bahia criou o Prêmio Odorico Tavares para o incentivo das artes plásticas e deu o seun nome a um importante colégio da rede pública de ensino.
Amigo particular do pintor José Pancetti, com ele  manteve intensa correspondência. Pancetti. na expectativa de ter sua biografia escrita por Odorico Tavares, entregou seu diário e vários cadernos de anotações, além de pintar  o retrato da esposa de Odorico e de sua filha, Maria Tavares.
Amante das artes plásticas, reuniu  preciosa coleção de obras da imaginária religiosa dos séculos XVII e XVIII, mobiliário dos séculos XVIII e XIX, pinturas, gravuras e desenhos de Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Djanira, Segall, Volpi, Pancetti, Antônio Bandeira, Guignard, Manabu Mabe, Cícero Dias, Pablo Picasso, Joan Miró, Henri Malisse, Modesto Cuixart e Georges Roult. O arquiteto Diógenos Rebouças projetou uma casa para abrigar a coleção que, além das obras citadas, reune albuns do artista, fotografias, poemas, cartões-postais e reportgens.
Odorico Tavares faleceu em Salvador, no ano de 1980.
 
FONTES: Wipédia, a enciclopédia livre e a Enciclopédia Itaú Cultural.
 
        =========================================
 
VOLTA À CASA PATERNA

Odorico Tavares

Limpem o espelho.
Se quiserem, não mexam na mobília.
Mas limpem o espelho:
Vai haver a volta a. casa paterna.

Verdade é que não sei se tudo pode ficar como dantes:
se os sapatos ainda me caberão,
se as roupas apertadas ficarão,
se nos livros as antigas leituras estarão.
Mas limpem o espelho.

O rio pode muito bem ter desviado o seu curso,
e não encontrarei mais o local dos banhos à tardinha.

As pedras das ruas possivelmente não terão mais as marcas dos meus pés.
E nenhum indivíduo me indicará os caminhos conhecidos.
As árvores mesmo, se não são outras, mostrarão velhos troncos irreconhecíveis
Perguntarei inutilmente pelos companheiros:
Antônio? Frederico? Baltazar?
Oh! vozes que não me respondem! Amigos que jamais verei!

Decerto terei pelo menos as vozes dos pais ressoando de leve pelas paredes.

Por isso, limpem o espelho,
porque, apesar de todos os disfarces,
a imagem da criança que se foi há muito tempo e hoje voltou
se refletirá nítida e forte com a pureza e o encanto dos seus
primeiros sorrisos.


 
COLÉGIO ESTADUAL ODORICO TAVARES

 

 


 

 


 

 

                 

                                                                 

 



















































































Nenhum comentário:

Postar um comentário