terça-feira, 29 de julho de 2014

FRANKLIN MACHADO


FRANKLIN  MACHADO
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Franklin Machado, conhecido como Frnklin Machado Nordestino, advogado e jornalista dedicado à xilogravura e ao verso popular, nasceu em Feira de Santana, em 1943. “Maxado Nordestino, diz ele, foi meu nome quando me lancei profissionalmente no cordel. Franklin Maxado é meu nome artístico e literário, daí Franklin Machado Nordestino. Em xilogravura assino F. Maxado ou somente F.M. pois diminui o número de  letras para cortar na madeira. Maxado para fixar uma marca e Nordestino porque no sul me identificaram como “o nordestino” e isso reafirma minhas origens e cultura”.

Aos 16 anos foi  para o Rio de Janeiro onde viveu alguns meses. Voltou para a Salvador, e terminou o curso secundário no Colégio da Bahia. Ficou um ano sem estudar, Depois, ingressou na Universidade Católica e na Universidade Federal da Bahia onde cursou, respectivamente, direito e jornalismo. Fez teatro com Diolindo Checucci, escreveu uma peça, “A Guerrinha des Boneques” (que permaneceu inédita), e publicou dois livros: “Album de Feira de Santana” (desenhos e história) e “Protesto à Desuman-Idade” (poemas).

Formado, militou na imprensa baiana, trabalhando no “Jornal da Bahia”, de tradicional família feirense. Fundou a primeira sucursal dum jornal e de uma emissora de rádio no interior do estado (da qual foi diretor durante três anos). Depois, a convite do jornalista Juarez Bahia, mudou-se para São Paulo, onde passou quinze anos.
Em São Paulo enfrentou dificuldades. “Muitas, confessa, principalmente por contestar muitas ordens em locais de trabalho”. E justifica, dizendo: “A gente já chegou formado, com uma cultura de raiz ou de resistência, e isso contrariava muitos conceitos dos filhos de estrangeiros que ganhavam dinheiro no sul e se achavam donos da verdade. Podia dizer que também era de formação socialista e, naquele foco do Capitalismo, em pleno "Milagre Econômico", não podia discutir minhas idéias e pensamentos livremente. Trabalhei um ano na Folha de São Paulo, no Diário Popular, na sucursal de A Tribuna, de Santos, e no Diário do Grande ABC, onde vi iniciar a carreira do sindicalista Lula. As redações eram censuradas  e a notícia tinha que ser objetiva e direta. Certos fatos não se podiam dar, isso chocava com a minha formação de repórter da escola do Jornal da Bahia, dirigido por João Falcão e Florisvaldo Matos, que era a de noticiar o que  se sabia e se via com palavras de uso corrente e sem termos difíceis”..

Retornando á Feira de Santana, passou a se dedicar integralmente à xilogravura e à poesia de cordel. Seus versos, sem perder suas origens jornalísticas, abordam temas de caráter social e político, quase sempre satíricos. São assuntos os mais diversos, histórias infanto-juvenis, lendas, casos escabrosos, romances exóticos, denúncias, temas históricos  e opiniões pessoais. São exemplos: “Eu quero ser madamo e casar com feminista”, “Debate de Lampião com uma turista americana” O Sapo que desgraça o Corinthians O Japonês que ficou roxo pela mulataO crioulo doido que era um poeta  popular, O jumento que virou gente, Vaquejada de sete peões pra derrubar uma mineira, O romance do vaqueiro marciano da égua, Carta dum Pau-de-arara apaixonado pra sua noivaMaria Quitéria, heroína baiana que foi homem, Profecias de Antonio Conselheiro - O sertão já virou mar, A alma de Lampião faz misérias no NordesteA Volta do Pavão MisteriosoPapagaio e as macacas que não estão na mata (uma fábula urbana de bichos)” e “O pulo do Gato-Mestre, etc. Seus folhetos são vendidos pelo país inteiro. Escreveu também livros sobre poesia popular: “O que é a literatura de cordel”, “O cordel televisivo – futuro, presente e passado da literatura de cordel” e “Cordel, xilogravura e ilustrações”. Quase todos esgotados, são de leitura obrigatória para  pesqusadpres e curiosos. A Editora Hedra organizou uma antologia com cinco dos seus mais de duzentos trabalhos produzidos em trinta e três anos de profissão. Sempre se orgulhou de defender minorias.

“Viajei muito pelo Brasil, diz ele, me divulgando e pesquisando, principalmente pelo Nordeste. Dizem que  renovei o cordel, que estava moribundo, trazendo temas novos, recriando antigos e  dando consciência  aos profissionais,  estimulando os mais velhos a publicar, tanto que o prof. Raymond Cantel da Universidade francesa da Sorbonne me colocou como um divisor entre o velho e o novo Cordel. E assim sou, estudado, traduzido e publicado na França, onde o cordel já acabou e é só reminiscência.

A infância e da adolescência estão bem vivos em sua memória. Com nostalgia, recorda: “Feira de Santana, tinha a sua grande-feira livre com cegos cantadores, forrós pé de serra, sanfoneiros e cantores, principalmente vindos de outros estados nordestinos, o que nos deixava um sotaque mais característico, diferenciando nós, feirenses,  do falar dos baianos da capital, embora seja a distância geográfica pequena. Tive influencias em contato com vaqueiros, camelôs, feirantes, empregadas negras  e gente de Candomblé e de Capoeira, com os poetas Antonio Alves, com o pernambucano João Ferreira da Silva, Erotildes Miranda  e mais cearenses, potiguares, piauienses, sergipanos, alagoanos, paraibanos. O que me fez  inspirar e compor depois a música "Onde o Nordeste se Encontra no Nordeste", que mistura cordel, xaxado, chula, aboios  e samba de roça e que foi finalista no Festival "Vozes da Terra" da Prefeitura de Feira”.

Assim são Franklin Maxado, sua grandeza, seu cordel, sua xilografia.
 
 
 
 
 
 
 
 
 





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