FRANKLIN MACHADO
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Franklin Machado, conhecido como Frnklin Machado Nordestino, advogado e
jornalista dedicado à xilogravura e ao verso popular, nasceu em Feira de
Santana, em 1943. “Maxado Nordestino, diz ele, foi meu nome quando me lancei
profissionalmente no cordel. Franklin Maxado é meu nome artístico e literário,
daí Franklin Machado Nordestino. Em xilogravura assino F. Maxado ou somente
F.M. pois diminui o número de letras
para cortar na madeira. Maxado para fixar uma marca e Nordestino porque no sul
me identificaram como “o nordestino” e isso reafirma minhas origens e cultura”.
Aos 16 anos foi para o Rio de
Janeiro onde viveu alguns meses. Voltou para a Salvador, e terminou o curso
secundário no Colégio da Bahia. Ficou um ano sem estudar, Depois, ingressou na
Universidade Católica e na Universidade Federal da Bahia onde cursou,
respectivamente, direito e jornalismo. Fez teatro com Diolindo Checucci, escreveu uma peça, “A Guerrinha des Boneques” (que
permaneceu inédita), e publicou dois livros: “Album de Feira de Santana”
(desenhos e história) e “Protesto à Desuman-Idade” (poemas).
Formado, militou na imprensa baiana, trabalhando no “Jornal da Bahia”, de tradicional família feirense. Fundou a primeira
sucursal dum jornal e de uma emissora de rádio no interior do estado (da qual foi diretor durante três anos). Depois, a convite do jornalista Juarez Bahia, mudou-se para São Paulo, onde passou
quinze anos.
Em São Paulo enfrentou dificuldades. “Muitas, confessa, principalmente por contestar
muitas ordens em locais de trabalho”. E justifica, dizendo: “A gente já chegou formado, com uma cultura de raiz ou de
resistência, e isso contrariava muitos conceitos dos filhos de
estrangeiros que ganhavam dinheiro no sul e se achavam donos da verdade. Podia
dizer que também era de formação socialista e, naquele foco do
Capitalismo, em pleno "Milagre Econômico", não podia
discutir minhas idéias e pensamentos livremente. Trabalhei um ano na Folha de
São Paulo, no Diário Popular, na sucursal de A Tribuna, de Santos, e no Diário
do Grande ABC, onde vi iniciar a carreira do sindicalista Lula. As redações
eram censuradas e a notícia tinha que ser objetiva e direta. Certos fatos
não se podiam dar, isso chocava com a minha formação de repórter da escola
do Jornal da Bahia, dirigido por João Falcão e Florisvaldo Matos, que era
a de noticiar o que se sabia e se via com palavras de uso
corrente e sem termos difíceis”..
Retornando á Feira de Santana, passou a se dedicar
integralmente à xilogravura e à poesia de cordel. Seus versos, sem perder suas
origens jornalísticas, abordam temas de caráter social e político, quase sempre
satíricos. São assuntos os mais diversos, histórias infanto-juvenis, lendas,
casos escabrosos, romances exóticos, denúncias, temas históricos e opiniões pessoais. São exemplos: “Eu quero ser
madamo e casar com feminista”, “Debate de Lampião com uma turista americana” O Sapo que desgraça
o Corinthians” “O Japonês que ficou
roxo pela mulata”, “O crioulo doido que era um poeta popular”, “O jumento que virou
gente”, “Vaquejada de sete peões
pra derrubar uma mineira”, “O romance do vaqueiro marciano da égua”, “Carta dum
Pau-de-arara apaixonado pra sua noiva”, “Maria Quitéria, heroína baiana que foi homem”, “Profecias de
Antonio Conselheiro - O sertão já virou mar”, “A alma de Lampião faz misérias no Nordeste”, “A Volta do Pavão Misterioso”, “Papagaio e as macacas
que não estão na mata (uma fábula urbana de bichos)” e “O pulo do
Gato-Mestre”, etc. Seus folhetos são vendidos pelo
país inteiro. Escreveu também livros sobre poesia popular: “O que é a literatura de
cordel”, “O cordel televisivo – futuro, presente e passado da literatura de
cordel” e “Cordel,
xilogravura e ilustrações”. Quase todos
esgotados, são de leitura obrigatória para
pesqusadpres e curiosos. A Editora Hedra organizou uma antologia com
cinco dos seus mais de duzentos trabalhos produzidos em trinta e três anos de
profissão. Sempre se orgulhou de defender minorias.
“Viajei muito pelo
Brasil, diz ele, me divulgando e pesquisando, principalmente pelo Nordeste. Dizem que
renovei o cordel, que estava moribundo, trazendo temas novos, recriando antigos
e dando consciência aos profissionais, estimulando os mais
velhos a publicar, tanto que o prof. Raymond Cantel da Universidade francesa da
Sorbonne me colocou como um divisor entre o velho e o novo Cordel. E assim sou,
estudado, traduzido e publicado na França, onde o cordel já acabou e é só
reminiscência”.
A
infância e da adolescência estão bem vivos em sua memória. Com nostalgia,
recorda: “Feira de Santana, tinha a sua grande-feira livre com cegos
cantadores, forrós pé de serra, sanfoneiros e cantores, principalmente vindos de
outros estados nordestinos, o que nos deixava um sotaque mais característico,
diferenciando nós, feirenses, do falar dos baianos da capital, embora
seja a distância geográfica pequena. Tive influencias em contato com vaqueiros,
camelôs, feirantes, empregadas negras e gente de Candomblé e de Capoeira,
com os poetas Antonio Alves, com o pernambucano João Ferreira da Silva,
Erotildes Miranda e mais cearenses, potiguares, piauienses, sergipanos,
alagoanos, paraibanos. O que me fez inspirar e compor depois a música
"Onde o Nordeste se Encontra no Nordeste", que mistura cordel,
xaxado, chula, aboios e samba de roça e que foi finalista no Festival
"Vozes da Terra" da Prefeitura de Feira”.
Assim
são Franklin Maxado, sua grandeza, seu cordel, sua xilografia.
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