Walfrido Moraes, político, jornalista,
professor e escritor, nasceu em Lenções e diplomou-se pela antiga Faculdade de
Filosofia da Bahia, onde cursou jornalismo, história e geografia.
Passou a infância em sua cidade natal
onde, disse Evelina Hoisel, viveu intensamente sua meninice, “embrenhando-se
nas suas paisagens e nos seus conflitos e, por isso mesmo, deixou um
legado de relatos que constituem importantes documentos para se conhecer a
história das lutas políticas da Chapada Diamantina”.
Culto e de natureza simples
e comunicativa, de temperamento lhano e cativante, honrou as letras baianas
legando à posteridade “Jagunços e Heróis”, livro indispensável para o
entendimento do jagunço e sua luta fratricida. O jagunço, disse ele, não deve
ser confundido com o bandoleiro ou o cangaceiro, Não obstante a capacidade de
luta e a coragem inolvidável de uns e outros, temos de convir que o jagunço é
um homem de trabalho, entregue à pastorícia, à lavoura ou ao garimpo, raramente
mercenário profissional, pegando em armas coletivamente na defesa de seus direitos”.
Walfrido Ingressou na Academia de
Letras da Bahia no dia 28 de maio de 1991.
Ninguém melhor do que ele
descreveu a guerra entre os coronéis e o Governo, guerra que transformou as Lavras
Diamantinas em um teatro de conflitos e tensões que marcaram para sempre a
história da região. Este fato, narrado de forma magistral por Walfrido
Moraes, “contagiou a todos, sobretudo os meninos do seu tempo”.
O sonho da juventude era participar do cenário da guerra, fazer parte da cidade sitiada pelas tropas
do governo e pelos jagunços do Coronel Horácio de Matos. Esse quadro fratricida
mobilizou o imaginário dos meninos de então, levando-os a serem jagunços. O
sonho de todos era “descer o desfiladeiro do lavrado com um fuzil em
punho, ir para as linhas de frente, onde ocorriam os encontros mais sangrentos,
e ver os seus feitos comentados, admirados e aplaudidos...”
Walfrido Moraes foi um dos
meninos daquela época. Cresceu convivendo com o coronel Horácio de Matos e outros chefes políticos.
Aos 9 anos, ingressou na tipografia do jornalista Franklin de
Queirós, criador do semanário “O Sertão”.
Em 1930, a revolução liderada por
Getúlio Vargas, acabou com o coronelismo. Muitos coronéis foram presos, Franklin de
Queirós fugiu e Horácio de Matos foi levado para Salvador, onde foi assassinado.
Walfrido Morais, com apenas 17
anos de idade, foi obrigado a assumir a função de redator-chefe do jornal e fez de suas páginas uma tribuna onde deu asas à sua rebeldia. Depois, o destino o deslocou para a capital baiana onde ingressou
no “Correio Bahiano”, no “O Imparcial” e
no vespertino “A Tarde”, de Ernesto Simões Filho.
Realizou os preparatórios,
ingressou na Faculdade de Filosofia e, uma vez diplomado, participou do corpo
docente do Colégio Estadual da Bahia e de outros estabelecimentos de ensino.
“Certa vez, disse Wagner Ribeiro, um
amigo me emprestou um livro que iria mudar a minha visão para o termo “jagunço”.
Até então, jagunço para mim era um homem terrível, sanguinário, que matava sem
dó nem piedade, que não respeitava a família. O livro em questão é “Jagunços e
Heróis” do escritor baiano Walfrido Moraes. Como disse o autor no prefácio à
terceira edição: “Como tal, os personagens deste livro não são fictícios. Ao
contrário, são personagens reais. Existiram. Viveram. Lutaram. Sofreram. Amaram
e se odiaram na paisagem agreste”. O autor conviveu com eles, ainda menino.
Jagunços como ele mesmo disse, “de uma bondade extrema; de uma filosofia de
vida juncada de sabedoria, severidade, honradez e prudência; e de uma
jovialidade e compreensão que os homens de gabinete, os estadistas, todos
aqueles que, por vezes, decidem os destinos do mundo e da humanidade, precisam,
sem nenhum demérito, assimilar e adotar”.
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GOSTARIA DE TER ACESSO A ESSE LIVRO...
ResponderExcluirFoi este quem puniu os estudantes do ETFBA (atual IFBA) por participar das manifestações das "Diretas Já"?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirWalfrido é meu Tio Avô. Grande homem, infelizmente faleceu precocemente.Que Deus o tenha !
ResponderExcluirlivro maravilhoso para quem gosta de historia!
ResponderExcluirLegal
ResponderExcluirExcelente livro! A leitura nos reporta com riqueza de detalhes para um período de grande importância histórica, não apenas da Chapada Diamantina, como da Bahia e do Brasil, época de bravos heróis com destaque para o jovem caudilho da Chapada Velha, o Coronel Horácio de Matos, o qual tenho a honra de herdar o sobrenome.
ResponderExcluirO Sertão, Jornal criado em Lençóis, 1921, não foi fundado por Franklin de Queiróz, mas pelo próprio Coronel Horácio de Matos. Abraços e parabéns pelo blog!
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