quinta-feira, 31 de julho de 2014

MESTRE JÕAO GRANDE


MESTRE  JOÃO  GRANDE
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João Oliveira dos Santos, conhecido como “João Grande”, Mestre de capoeira, nasceu em Itagi, no sul da Bahia, em 15 de janeiro de 1933.
Cresceu em Salvador e aos 20 anos se encantou com a capoeira. “Foi Deus que me mandou a capoeira”, diz ele.
Aluno dos Mestres Pastinha e  João Pequeno, partiu para os Estados Unidos onde mantém em Nova York, há mais de vinte anos, o  "Centro de Capoeira de Angola".
Em 1981, Mestre Moraes  levou João Grande para participar do Festival de Arte Negra de Atlanta. Ele criou raízes nos Estados Unidos, de Atlanta mudou-se para Nova York onde fixou residência e abriu uma academia, denominada “Capoeira Angola Center”.
João Grande encantou os aficionados da capoeira e se tornou conhecido mundialmente. Recebeu  o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova Jersey, é doutor em Letras Humanas pelo Upsala College de East Orange (Nova Jersey) e foi homenageado com o prêmio National Heritage Fellowship (1995),  honraria de grande prestigio na América do Norte.
João Grande é adepto do estilo africano adotado por Mestre Pastinha e usa metáforas que lembram a Natureza:
 “Eu sou fruta madura,
  que caí do pé lentamente.
  Na queda largo semente,
  que procura terra fresca
  pra ser fruta novamente “.


O "Capoeira Angola Center" está cheio de motivos que lembram a Bahia e sua gente. É um ambiente afro-brasileiro em plena metrópole novaiorquina.
Em 1970, Jõao Grande começou a viajar  pela África, Ásia, Estados Unidos e Brasil, ensinando capoeira a  estudantes  de  universidades, escolas elementares e organizações  culturais. Hoje, com mais de 80 anos, é uma referência internacional. Dança, canta e ginga como ninguém. Recentemente esteve em Fortaleza, onde participou mais uma vez de um  evento  afro-brasileiro.
João Grande é a personificação da capoeira de Angola.  ‘Ele leva dentro de si uma animada roda de capoeira”, dizem os críticos. “Minha missão, diz ele, é levar a capoeira pelo mundo, difundir a capoeira de Angola para toda a parte para onde eu for.  A capoeira é uma dança, um esporte, uma arte, uma profissão, uma cultura. Dependendo de como for utilizada, pode se transformar em uma luta, luta que não machuca ninguém. Tudo que você faz é capoeira. Dormindo, dirigindo, comendo,  você, sem perceber,  está fazendo capoeira. Capoeira é para homem, menino e mulher. Só não aprende capoeira quem não quer’.

 
 
 


MESTRE JOÃO PEQUENO


MESTRE JOÃO PEQUENO

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pequeno


João Pereira dos Santos, conhecido como João Pequeno, nasceu em Araci, em 27 de dezembro de 1917, sendo seus pais Maximiliano Pereira dos Santos (vaqueiro na Fazenda Vargem do Canto, em Queimadas) e Maria Clemença de Jesus (ceramista, descendente de índio).
Aos quinze anos, forçado pela seca que atingiu a região, fugiu a pé, caminhando até Alagoinhas e, algum tempo depois, alcançou Mata de São João, onde se fixou durante dez anos. Trabalhou em uma plantação de cana de açúcar, no ofício de “chamador de boi” Data desta época seu primeiro contato com a capoeira, que aprendeu com o ferreiro Juvêncio, morador da Fazenda São Pedro.
Aos 25 anos, mudou-se para Salvador, onde foi condutor de bondes, servente de pedreiro e mestre de obras. Quando operário da construção civil, um colega de nome Cândido, ao notar o seu interesse pela capoeira, numa brincadeira no intervalo do trabalho, indicou o feirante Barbosa para introduzi-lo na arte e este o levou para a roda da “Cobrinha Verde” que acontecia embaixo de uma árvore no Chame-Chame.
Certo dia, estando em uma roda no Terreiro, apareceu um senhor convidando os interessados a comparecerem ao Bigode, antiga fábrica de sabonetes. Ao chegar lá, João se inscreveu na academia e passou a seguir os passos daquele que viria a ser o grande mestre Pastnha. Pouco tempo depois João Pereira passou a se chamar João Pequeno, foi elevado a categoria de treinel, e começou a ensinar capoeira a todos que por ali passaram.
Em fins da década de sessenta, com o afastamento de Mestre Pastinha, João Pequeno o substituiu. Ao passar o comando de sua academia,  Pastinha exclamou: “João, tome conta disto, porque eu vou morrer mas morre somente o corpo. Em espírito, estou vivo. Enquanto houver capoeira o meu nome não desaparecerá”.
Na academia de Mestre Pastinha João Pequeno se tornou um profissional respeitável. Ensinou capoeira a: João Grande, Morais, Curió e outros grandes capoeiristas que por ali passaram.
João Pequeno também foi feirante e carvoeiro. Como carvoeiro teve grande número de fregueses e chegou a ser apelidado de “João do Carvão”. Residiu inicialmente no Garcia, em um barraco perto do Dique do Tororó. Depois, constituiu família e construiu uma casinha na “Fazenda Coutos”, subúrbio de Salvador. Ali recebeu  capoeiristas famosos, de várias partes do mundo.
Para João Pequeno o capoeirista tem de ser uma pessoa educada; “uma boa árvore para dar bons frutos. A capoeira, dizia modela o corpo e educa a mente. Serve de terapia e pode ser usada de várias formas. É um processo de desenvolvimento, uma luta criada pelo fraco para enfrentar o forte, uma dança, e como dança não machuca quem a pratica. O  bom capoeirista sabe parar o pé para não causar dano no adversário”.
Em 1892, depois da morte do Mestre Pastinha, João Pequeno reabriu o Centro Esportivo de Capoeira de Angola no Forte Santo Antônio Além do Carmo. Dalí lançou a capoeira para o mundo.
É Cidadão Honorário de Salvador, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Uberlândia e Comendador da Ordem do Mérito Cultural (título outorgado pelo  Presidente Luiz Inácio da Silva) e Grão-Mestre da Ordem do Mérito dos Palmares, pelo Governo de Alagoas..
Cercado pela admiração dos seus discípulos, João Pequeno faleceu em Salvador, no dia 9 de dezembro de 2011. Seu aniversário é comemorado como um importante evento que “se realiza todos os anos em uma grande roda, com a participação de vários mestres da capoeira.
 
 
 
 






terça-feira, 29 de julho de 2014

FRANKLIN MACHADO


FRANKLIN  MACHADO
franklin+machado


Franklin Machado, conhecido como Frnklin Machado Nordestino, advogado e jornalista dedicado à xilogravura e ao verso popular, nasceu em Feira de Santana, em 1943. “Maxado Nordestino, diz ele, foi meu nome quando me lancei profissionalmente no cordel. Franklin Maxado é meu nome artístico e literário, daí Franklin Machado Nordestino. Em xilogravura assino F. Maxado ou somente F.M. pois diminui o número de  letras para cortar na madeira. Maxado para fixar uma marca e Nordestino porque no sul me identificaram como “o nordestino” e isso reafirma minhas origens e cultura”.

Aos 16 anos foi  para o Rio de Janeiro onde viveu alguns meses. Voltou para a Salvador, e terminou o curso secundário no Colégio da Bahia. Ficou um ano sem estudar, Depois, ingressou na Universidade Católica e na Universidade Federal da Bahia onde cursou, respectivamente, direito e jornalismo. Fez teatro com Diolindo Checucci, escreveu uma peça, “A Guerrinha des Boneques” (que permaneceu inédita), e publicou dois livros: “Album de Feira de Santana” (desenhos e história) e “Protesto à Desuman-Idade” (poemas).

Formado, militou na imprensa baiana, trabalhando no “Jornal da Bahia”, de tradicional família feirense. Fundou a primeira sucursal dum jornal e de uma emissora de rádio no interior do estado (da qual foi diretor durante três anos). Depois, a convite do jornalista Juarez Bahia, mudou-se para São Paulo, onde passou quinze anos.
Em São Paulo enfrentou dificuldades. “Muitas, confessa, principalmente por contestar muitas ordens em locais de trabalho”. E justifica, dizendo: “A gente já chegou formado, com uma cultura de raiz ou de resistência, e isso contrariava muitos conceitos dos filhos de estrangeiros que ganhavam dinheiro no sul e se achavam donos da verdade. Podia dizer que também era de formação socialista e, naquele foco do Capitalismo, em pleno "Milagre Econômico", não podia discutir minhas idéias e pensamentos livremente. Trabalhei um ano na Folha de São Paulo, no Diário Popular, na sucursal de A Tribuna, de Santos, e no Diário do Grande ABC, onde vi iniciar a carreira do sindicalista Lula. As redações eram censuradas  e a notícia tinha que ser objetiva e direta. Certos fatos não se podiam dar, isso chocava com a minha formação de repórter da escola do Jornal da Bahia, dirigido por João Falcão e Florisvaldo Matos, que era a de noticiar o que  se sabia e se via com palavras de uso corrente e sem termos difíceis”..

Retornando á Feira de Santana, passou a se dedicar integralmente à xilogravura e à poesia de cordel. Seus versos, sem perder suas origens jornalísticas, abordam temas de caráter social e político, quase sempre satíricos. São assuntos os mais diversos, histórias infanto-juvenis, lendas, casos escabrosos, romances exóticos, denúncias, temas históricos  e opiniões pessoais. São exemplos: “Eu quero ser madamo e casar com feminista”, “Debate de Lampião com uma turista americana” O Sapo que desgraça o Corinthians O Japonês que ficou roxo pela mulataO crioulo doido que era um poeta  popular, O jumento que virou gente, Vaquejada de sete peões pra derrubar uma mineira, O romance do vaqueiro marciano da égua, Carta dum Pau-de-arara apaixonado pra sua noivaMaria Quitéria, heroína baiana que foi homem, Profecias de Antonio Conselheiro - O sertão já virou mar, A alma de Lampião faz misérias no NordesteA Volta do Pavão MisteriosoPapagaio e as macacas que não estão na mata (uma fábula urbana de bichos)” e “O pulo do Gato-Mestre, etc. Seus folhetos são vendidos pelo país inteiro. Escreveu também livros sobre poesia popular: “O que é a literatura de cordel”, “O cordel televisivo – futuro, presente e passado da literatura de cordel” e “Cordel, xilogravura e ilustrações”. Quase todos esgotados, são de leitura obrigatória para  pesqusadpres e curiosos. A Editora Hedra organizou uma antologia com cinco dos seus mais de duzentos trabalhos produzidos em trinta e três anos de profissão. Sempre se orgulhou de defender minorias.

“Viajei muito pelo Brasil, diz ele, me divulgando e pesquisando, principalmente pelo Nordeste. Dizem que  renovei o cordel, que estava moribundo, trazendo temas novos, recriando antigos e  dando consciência  aos profissionais,  estimulando os mais velhos a publicar, tanto que o prof. Raymond Cantel da Universidade francesa da Sorbonne me colocou como um divisor entre o velho e o novo Cordel. E assim sou, estudado, traduzido e publicado na França, onde o cordel já acabou e é só reminiscência.

A infância e da adolescência estão bem vivos em sua memória. Com nostalgia, recorda: “Feira de Santana, tinha a sua grande-feira livre com cegos cantadores, forrós pé de serra, sanfoneiros e cantores, principalmente vindos de outros estados nordestinos, o que nos deixava um sotaque mais característico, diferenciando nós, feirenses,  do falar dos baianos da capital, embora seja a distância geográfica pequena. Tive influencias em contato com vaqueiros, camelôs, feirantes, empregadas negras  e gente de Candomblé e de Capoeira, com os poetas Antonio Alves, com o pernambucano João Ferreira da Silva, Erotildes Miranda  e mais cearenses, potiguares, piauienses, sergipanos, alagoanos, paraibanos. O que me fez  inspirar e compor depois a música "Onde o Nordeste se Encontra no Nordeste", que mistura cordel, xaxado, chula, aboios  e samba de roça e que foi finalista no Festival "Vozes da Terra" da Prefeitura de Feira”.

Assim são Franklin Maxado, sua grandeza, seu cordel, sua xilografia.
 
 
 
 
 
 
 
 
 





quinta-feira, 24 de julho de 2014

MANUEL MAURÍCIO REBOUÇAS


SEPULTAMENTO EM IGREJAS



Manoel Maurício Rebouças nasceu em Maragogipe, no ano de 1800.

Em 1831, colou o grau de doutor em Medicina, Universidade de Paris, onde defendeu tese entítulada “Dissertacion sur les inhumations em général”  Antes, na mesma cidade, formou-se em Bacharel em Ciências e Letras.
Em 1831, foi nomeado lente, por concurso, de Botânica Médica e Zoologia da Faculdade de Medicina da Bahia, assim permanecendo até 1861.
Portador de vários títulos, dos quais destacamos o de Conselheiro do Imperador e  Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro.

Revela Eduardo Sá Menezes que o Dr.Rebouças, segundo Sacramento Blake, escreveu volumosa bibliografia, hoje desaparecida, cujos originais foram submetido à apreciação do Dr. Francisco Paula Cândido, seu colega em Paris (Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia).

 “O Dr. Rebouças foi um dedicado homem de ciência e um grande patriota. Como médico e professor, com efeito, deu provas do seu valor; na qualidade de cidadão, sobretudo nas lutas da Independência, mostrou-se de um heroísmo extraordinário” (Ibidem).
 
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  SEPULTAMENTO NAS IGREJAS
A transmigração da família real para o Brasil desencadeou uma série de mudanças na rotina e nos costumes brasileirtos. A grande preocupação da época era civilizar o Brasil, e um dos caminhos apontados era o do desenvolvimento da Higiene e da Medicina.
Nesta atmosfera de mudanças, surgiu, em 27 de dezembro de 1825, um artigo em um dos jornais da Corte  que causou reboliço. O autor, usando um pseudônimo, tecia elogios ao governo imperial pelo fato de ter proibido o sepultamento nos interior das igrejas e fazia uma série de acusações ao clero, acusando-o de  incentivar o enterramento nas campas colocados no chão das igrejas católicas, prática que, na concepção do articulista, causava dano à saúde. Os gases miasmáticos exalados pelas campas escapavam se espalhavam pelo interior das igrejas e saia para as ruas, causando epidemias. Para ilustrar tal  afirmação relatava que ele próprio, ao entrar em uma igreja no Rio de Janeiro, “foi obrigado a sair correndo devido ao mau cheiro exalado das campas da nave central.” Afirmava que os padres “procuravam ganhar dinheiro com os enterros, perpetuando, assim um hábito nocivo à saúde da população. Afirmava também  que a prática da inumação nas igrejas era inspirada por superstições criadas pelo próprio clero com o intuito de pressionar os fieis. Uma dessas crenças era a dizia que aqueles que não fossem sepultados no espaço sagrado dos templos não seriam salvos no dia do Juízo Final.

O padre Luiz Gonçalves dos Santos (1767_1844), mais conhecido como Padre Perereca, respondeu ao articulista desconhecido citando os enterros cristãos da Roma antiga, dizendo textualmente: “... que remédio se ha de dar para que os mortos não infeccionem os vivos? (...) enterre-se o defunto hum só em cada cova, e seja coberto de bastante terra, pelo menos cinco palmos de altura, tape-se a cova com sua campa de madeira, ou de pedra, ou de ladrilho; e não se abra para ali se sepultar outro cadáver, senão passados dois anos. Tapar bem os corpos com terra é suficiente para conter os miasmas dentro do solo”.

A tese de Manoel Maurício Rebouças, gira em torno desta polêmica. Condena as inumações nos templos religiosos, fundamentando-se em  uma casuística considerada fidedígna pelas autoridades de então. O primeiro caso relatado é o do médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714) e faz  referência a um coveiro que queria roubar um cadáver recém-sepultado. “Assim que abriu a cova, dizia  Ramazzini, o coveiro foi sufocado, e caiu morto sobre a campa que violara”. Outro caso é o de Henri Huguenot, decano da Faculdade de Medicina de Montpellier, que relata que no dia 17 de agosto de 1744, Pedro Baffagette, couveiro da Confraria dos Penitentes, encarregado de enterrar Guilherme Boudou em uma das covas da Igreja de Nossa Senhora de Montpellier, foi acometido de convulsões e ficou paralisado. Um frade que se ofereceu para salvá-lo, perdeu a respiração assim que o agarrou . pelo casaco e padeceu de “palpitações durante a noite inteira. Ficou tremendo, e só se recuperou depois de uma sangria”.
A tese foi muito comentada mas, não obstante sua repercussão no meio médico, o sepultamento no interior das igrejas continuou até  meados do século XIX nas importantes cidades brasileiras como Salvador e Rio de Janeiro bem como em Ouro Preto, São João Del Rei e Tiradentes.